BEIJING, 15 de fev. (Diário do Povo Online) - Aqueles que viram a mesa redonda sobre o papel da China no cenário internacional, realizado no ambito da Conferência de Seguran?a de Munique, puderam notar um estilo diferenciado em meio aos acalorados debates sobre as quest?es envolvendo a Síria, a Ucrania e a crise dos refugiados na Europa.
é inegável que a China está desempenhando um papel cada vez mais importante nos assuntos internacionais e que tem dado grandes contribui??es para a melhora da governan?a global.
De acordo com Fu Ying, diretora da Comiss?o de Rela??es Exteriores da Assembleia Popular Nacional, o principal órg?o legislativo da China, a China n?o desafia a ordem internacional existente e se considera parte do sistema baseado nas Na??es Unidas, incluindo as suas institui??es e os padr?es globais.
Com a crescente globaliza??o e com a fragmenta??o cada vez maior das políticas internacionais, a atual ordem mundial está sobrecarregada quando se trata de fornecer solu??es novas e eficazes aos desafios que se apresentam nos dias de hoje, disse Fu durante o debate.
é neste contexto que a China prop?s mecanismos que complementam a ordem internacional existente, como a iniciativa "Um Cintur?o e Uma Rota" e o Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura, disse ela.
Para Fu, estas iniciativas constituem os novos bens públicos que a China tem oferecido, que, segundo ela, têm um caráter inclusivo e em conformidade com os princípios das Na??es Unidas.
O estilo diferenciado da China se refletiu ao longo do debate, quando Sebastian Heilmann, presidente do Instituto Mercator de Estudos sobre a China, com sede em Berlim, perguntou se Pequim tinha perdido o "controle" sobre a República Popular Democrática da Coreia.
"Isso soa algo bem ocidental...nunca controlamos outros países e nem queremos ser controlados", respondeu a diretora Fu Ying com um sorriso.
Durante a sess?o, que foi transmitida ao vivo, Christian Hacke, professor da Universidade de Bonn, disse que, atualmente, a China desempenha um papel estabilizador neste mundo conturbado e que o país age com grande responsabilidade.
A política externa da China se distingue porque consiste em n?o interferir nos assuntos internos dos outros países e em reconhecer as diferen?as entre eles, disse Qu Xing, especialista chinês em rela??es internacionais.
"Isto significa que a China n?o acredita que o que é melhor para ela seja necessariamente o melhor para o outro, ou que alguém tenha que fazer o que ela disser, caso contrário, ela vai usar a for?a para se impor a você. Esta é uma abordagem que tem causado muitos problemas. A China n?o está fazendo isso", disse Qu.
Citando a luta contra o terrorismo e a crise dos refugiados na Europa, Qu defendeu que a solu??o fundamental é o desenvolvimento.
"Os viveiros do terrorismo e as raízes da crise dos refugiados só ser?o eliminados através da promo??o do desenvolvimento econ?mico e da melhora no padr?o de vida das pessoas", acrescentou.
A iniciativa "Um Cintur?o e Uma Rota", apresentada pelo presidente Xi Jinping em 2013, serve para ilustrar como a China promove a paz e o desenvolvimento mundial.
A ideia por trás deste projeto é que, se um país só pensa no seu próprio desenvolvimento enquanto os outros permanecem subdesenvolvidos, produz-se desigualdade e instabilidade econ?mica e se prejudica o desenvolvimento do país, explicou Qu.
Os projetos sob a iniciativa "Um Cintur?o e Uma Rota" permitir?o a cria??o de empregos, investimentos e desenvolvimento econ?mico em 60 países, disse Qu, ressaltando que este é um passo dado pela China em dire??o a "constru??o de uma comunidade de destino comum para toda a humanidade".
Gu Xuewu, diretor do Centro de Estudos Internacionais da Universidade de Bonn, disse que, do ponto de vista geoecon?mico, a implementa??o do "Um Cintur?o e Uma Rota" vai ajudar a criar corredores econ?micos que cobrir?o a ásia, a Europa e a áfrica.
Os projetos também poder?o fazer a diferen?a em termos sociais e culturais, disse Gu. "Com a moderniza??o econ?mica, as pessoas ter?o uma atitude mais aberta e esse processo também vai ajudar a combater as raízes que geram o fundamentalismo", disse ele.
Edi??o: Rafael Lima