
O juiz Marco Mello, do Supremo Tribunal Federal, pediu à Camara dos Deputados para aprovarem a solicita??o de impeachment para o vice-presidente Michel Temer.
A presidente brasileira, Dilma Rousseff, que já se encontrava pressionada pela amea?a eminente do impeachment, vê agora o vice-presidente padecer do mesmo predicamento, naquele que é mais um capítulo da torrente de eventos que marcam a crise política do país.
O pedido de impeachment para o vice-presidente terá sido levantado por um advogado. O solicitante alega que Temer terá autorizado decretos nos quais era dada autoriza??o aos bancos de conceder empréstimos, responsabilizando o governo pela estabiliza??o posterior das contas. Esta a??o, segundo defende o advogado, foi executada sem autoriza??o do congresso e sem uma base fiscal que a justifique.
Porém, este pedido de impeachment foi recusado pelo presidente da Camara dos Deputados, Eduardo Cunha, levando o advogado a recorrer ao Supremo Tribunal.
O ministro do Supremo Tribunal Federal brasileiro, Mário Mello, apelou no dia 5 para que a Camara dos Deputados aceitasse a solicita??o. Um comité deverá ser, assim, formado para debater sobre a quest?o de decretar ou n?o o impeachment a Temer.
Eduardo Cunha pronunciou-se relativamente a esta situa??o, asseverando que se trata de um caso em que o poder jurídico se encontra a interferir no poder legislativo, n?o estando disposto a aceitar ou a implementar o decreto, “desafiando” a adjudica??o de Mello.
De momento, a quest?o do impeachment da presidente Dilma encontra-se já na fase de discuss?o entre os membros do comité especial para o efeito. No caso do comité aprovar o impeachment, o processo deverá passar à fase seguinte, onde deverá ocorrer uma vota??o na Camara de Deputados, e de onde surgirá, por fim, a decis?o final a meio do mês.
Como vice-presidente, no caso de Dilma ser deposta, Temer deverá assumir a fun??o de presidente. O facto de Temer ter também passado a ser alvo de press?es de impeachment poderá ter implica??es na pondera??o de aplicar ou n?o o impeachment à atual presidente. Os analistas acreditam que, no caso de Dilma abandonar o poder, Temer irá seguir necessariamente os seus passos, e ser deposto pela mesma via.
Temer demitiu-se no dia 5 deste mês do cargo de presidente do PMDB, após esta fa??o política ter anunciado na semana passada o corte na alian?a que mantinha com o Partido dos Trabalhadores. Os analistas afirmam ser caricato o facto de o PMDB desconfiar da legitimidade do governo de Dilma Rousseff, quando o número dois deste é o próprio presidente do partido.
O PMDB era o aliado político mais forte do governo de Dilma, sendo o partido brasileiro com maior presen?a regional (possuindo o maior número de prefeitos e vereadores) e com o maior número de representantes na Camara dos Deputados.
Dos 31 ministros do governo de Dilma Rousseff, 7 s?o filiados do PMDB, sendo a segunda fa??o política mais poderosa, logo a seguir ao Partido dos Trabalhadores.
Após o PMDB ter abandonado a alian?a que mantinha com o governo, Dilma tem apelado incessantemente ao apoio dos restantes partidos políticos. A presidente disse, porém, que n?o irá nomear um novo governo enquanto a decis?o do impeachment n?o for revelada.