Fu Yuanyuan e Lu Yang

“Temos especial interesse em compreender quais ser?o os rumos definidos para a área de ciência, tecnologia e inova??o, para o desenvolvimento urbano e para a agricultura”, disse o embaixador brasileiro na China, Paulo Estivallet de Mesquita, em uma entrevista exclusiva com o Diário do Povo Online.
Em termos do 14o Plano Quinquenal e as metas de longo prazo para 2035, anunciados pelo governo chinês em 12 de mar?o, Paulo Estivallet afirmou que isso estabelecerá marcos para o desenvolvimento econ?mico para a China nos próximos anos, e o Brasil quer entender como a estratégia de dupla circula??o na economia irá funcionar na prática e como poderá aproveitar as novas oportunidades que ser?o abertas pelo governo chinês.
No dia 25 de fevereiro, a China declarou a "vitória total" na luta do país contra a pobreza absoluta. Um total de 98,99 milh?es de pessoas afetadas pela pobreza nas áreas rurais do país assistiram a uma melhoria nas suas condi??es de vida. “O Brasil considera muito positivo o marco de erradica??o da pobreza extrema atingido pela China em 2020”, disse o embaixador. Segundo ele, o Brasil também possui sólida rede de políticas sociais como Programa Bolsa Família e tem se esfor?ando em investir em a??es de combate à pobreza.
“Uma das principais li??es da experiência de sucesso da China no combate à pobreza é sobre a importancia de se priorizar investimentos em infraestrutura como política pública direcionada a popula??es vulneráveis”, assinalou, destacando que a coopera??o entre a China e outros países em desenvolvimento nessa área seria uma das formais mais promissoras para contribuir com a redu??o da pobreza mundial.
Enquanto à coopera??o em saúde, o embaixador apontou que a mobiliza??o mundial passa, em primeiro lugar, pelas medidas sanitárias no plano interno de cada país, mas também encontra na coopera??o entre os países um dos seus principais sustentáculos.
Ele ressaltou que o Brasil e a China vêm trabalhando de forma conjunta desde o início da pandemia, quando doa??es de materiais, como máscaras e outros itens, contribuiram para a fase inicial da resposta anti-epidêmica.
A coopera??o sino-brasileira assumiu dinamica importante no campo das vacinas, uma vez que os dois principais imunizantes que est?o sendo distribuídos pelo sistema de saúde brasileiro s?o parcialmente produzidos na China. A Anvisa e a NMPA, as agências sanitárias do Brasil e da China, respectivamente, assinaram um Memorando de Entendimento para agilizar a troca de informa??es e realizar atividades conjuntas, segundo o diplomata brasileiro.
“Adicionalmente, empresas dos dois países também têm tido importante colabora??o no desenvolvimento de vacinas e na realiza??o de ensaios clínicos, em trabalho que seguirá ao longo de 2021 e, possivelmente, em anos vindouros”, considerou.
Na área de recupera??o de economia pós-pandemia, o embaixador avalia que os novos desafios impostos pela Covid-19 refor?am a importancia da solidariedade e da coopera??o entre os países.
No ano passado, marcado pela crise econ?mica decorrente da pandemia da Covid-19, a China foi a única das grandes economias a registrar crescimento. O diplomata brasileiro indicou que o processo de desenvolvimento econ?mico da China apresenta reflexos positivos para a economia global. Além disso, os recentes encontros entre os presidentes Jair Bolsonaro e Xi Jinping mostraram que há espa?o para uma coopera??o ainda maior entre os dois países.
Por fim, Paulo Estivallet apontou que o Brasil e a China mantêm um bom relacionamento, em especial no plano econ?mico, baseado na busca de benefícios mútuos derivados da complementaridade das nossas economias. “Nosso foco concentra-se também na recupera??o das nossas economias, com a amplia??o e diversifica??o do comércio bilateral e dos fluxos de investimento.”