Por Beatriz Cunha e Fátima Fu
O Consulado-Geral do Brasil em Shanghai, cobre Shanghai e as províncias de Zhejiang, Jiangsu, Anhui e Shangdong, e está localizado numa das partes mais ricas da China. A jurisdi??o do Consulado possui 340 milh?es de pessoas, uma dimens?o populacional bem maior do que a popula??o brasileira, que ultrapassa pouco mais de 214 milh?es pessoas. O PIB da área consular é de 5 bilh?es de dólares, superior ao da República Federal da Alemanha, afirmou o c?nsul-geral do Brasil em Shanghai Gilberto Moura em entrevista exclusiva ao Diário do Povo Online.
Devido à sua localiza??o, os maiores contatos s?o provenientes de Shanghai, no entanto, há também grande aproxima??o com as comiss?es de Comércio, de Ciência e Tecnologia, de Meio Ambiente, e de Cultura, esse contato se estreitou especialmente devido à pandemia.
Com as miss?es diplomáticas regulares que ocorriam antes da pandemia da Covid-19, para atender às pautas de interesses próprios de estados ou seus municípios, foi necessário o estabelecimento de contatos institucionais.
Em meio a tantos contatos, esse ano marca as “Bodas de Prata” entre a província de Jiangsu e o estado brasileiro de Minas Gerais, celebradas com a doa??o de 170 livros brasileiros à Shanghai em maio deste ano pelo Conselho Brasileiro de Cidad?os em Shanghai e a abertura em novembro da Livraria Jiangsu, com mais de 1.600 obras chinesas.
O c?nsul-geral vê coopera??es regionais como esta como um fator enriquecedor para as rela??es bilaterais entre Brasil e China. “A literatura é uma forma de aproximar, ent?o foi bom para os brasileiros conhecerem mais sobre a China, e os chineses mais sobre o Brasil”, disse ele.
“é claro que, tudo, na história dos países, na história das pessoas, dos povos, sempre tem uma lideran?a, sempre tem que ter alguém líder, que pense, que ajude, que construa, que tenha vontade de fazer as coisas”, avaliou Gilberto Moura sobre a irmandade entre os dois países, acrescentando que com as plataformas de aproxima??o e um trabalho contínuo é possível atender às necessidades inerentes de cada estado e realizar “bons casamentos” entre Brasil e China.
O c?nsul destacou o empenho do Brasil em aprimorar as rela??es bilaterais com a China. Além das rela??es bilaterais, ele mencionou o segmento inter-regional BRICS, exemplo de um mecanismo “muito importante”.
Segundo ele, o Bando de Novo Desenvolvimento do BRICS (NDB, na sigla em inglês), presidido pelo brasileiro Marcos Troyjo, é um excelente exemplo de sustentabilidade. “Nós temos muito alicerce, muitos pilares que sustentam a nossa rela??o bilateral”, enfatizou Gilberto Moura.
As institui??es brasileiras na China mantém a forte sintonia da irmandade entre os dois países. A parceria entre a Agência Brasileira de Promo??o das Exporta??es (Apex), vinculada ao Ministério das Rela??es Exteriores do Brasil e o Setor de Promo??o Comercial e de Investimento do Consulado-Geral do Brasil em Shanghai, conhecido como SECOM, assim como outras plataformas, como o Banco do Brasil de Shanghai, e associa??es comerciais voltadas especialmente para empresas de pequeno e médio porte tem ampliado a consistência dos acordos bilaterais que vem sendo realizados entre o Brasil e a China, disse Gilberto ao Diário do Povo Online.
O c?nsul citou a quarta edi??o do evento "Brasil, A Na??o do Café", realizada em 3 de dezembro no Centro de Exposi??o e Comércio de Importa??es de Hongqiao, em Shanghai, que na sua vis?o permitiu um espa?o para apresentar os cafés especiais do Brasil de modo extremamente interessante e dinamico, resultando em excelentes negocia??es.
Gilberto acredita que a presente atua??o conjunta dos dois países é benéfica para todos e antevê que no futuro muitos outros estados brasileiros marcar?o presen?a no território chinês.
De modo descontraído, o c?nsul ilustrou a positiva rela??o entre o Brasil e a China: “o Brasil é um dos maiores fornecedores de minério de ferro para a China. Nós brincamos dizendo que nós alimentamos a China e construímos a China. Porque nós oferecemos muitos produtos agrícolas, como a soja que se sobrep?e, mas também produtos básicos como o minério de ferro, que é muito importante para a infraestrutura“.
E no que se refere às importa??es e exporta??es, segundo ele, a China tem tido um cuidado “primoroso” nesse setor, com a realiza??o da Exposi??o Internacional de Importa??o da China (CIIE), que teve a sua quarta edi??o realizada entre os dias 5 a 10 de novembro em Shanghai.
Gilberto Moura, que participou de todas as edi??es da CIIE afirma que de antem?o já era possível afirmar que se tratava de “uma grande aposta chinesa para comprovar ao mundo sua abertura, seu interesse de ter uma rela??o nos dois caminhos, de importa??o e exporta??es”.
Ele lembra que as duas primeiras edi??es ocorreram num período pré-pandêmico, e portanto, contou com a visita do chanceler brasileiro e alguns ministros brasileiros, “foi um movimento muito grande”, lembra ele, acrescentando que os ajustes e melhorias s?o perceptíveis.
Este ano, a participa??o se deu, em grande parte de modo online, no entanto, empresas como a Associa??o de Cafés Especiais, Associa??o Brasileira de Proteína Animal, JBS, puderam ser bem representadas e, embora ainda n?o seja possível apresentar um balan?o apurado, as aprefei?oa??es realizadas na CIIE certamente “v?o gerar um saldo muito positivo”, adiantou ele.
Gilberto afirmou que Brasil e China tem muito o que aprender um com o outro, e destacou que a irmandade entre os dois países tem resultado em excelentes acordos de coopera??o ganha-ganha em diversos setores, inclusive na área de infraestrutura, planejamento urbano, de assistência médica, com destaque para a experiência com o desenvolvimento coletivo da vacina contra a Covid-19. E conclui que o acerto de ambas as na??es está em “saber aproveitar o momento e fazer um chute a gol, como se diz no futebol”.