
Dilma Rousseff, ex-presidente do Brasil e presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), discursa durante a 10a Reuni?o Anual do NBD no Rio de Janeiro, Brasil, em 4 de julho de 2025. (Foto de Claudia Martini/Xinhua)
A Reuni?o de Líderes Globais sobre Mulheres em Beijing "n?o é apenas uma comemora??o do passado, mas também uma oportunidade estratégica para moldar o futuro", disse Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), durante uma entrevista à Xinhua.
"Trinta anos após a histórica Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, retornamos a Beijing com um renovado senso de propósito", disse Rousseff. "Minha expectativa é que esta cúpula n?o seja um evento cerimonial, mas um momento catalítico que reafirme compromissos passados e estabele?a prioridades novas e concretas para a próxima gera??o", acrescentou ela.
Rousseff pediu a mudan?a "dos princípios para o poder - das promessas para as políticas".
"é hora de abordar as barreiras que ainda limitam a vida das mulheres e criar sistemas que reconhe?am as mulheres n?o como beneficiárias, mas como agentes de transforma??o", observou ela.
"Em um mundo que enfrenta múltiplas crises, as mulheres n?o s?o um problema a ser resolvido - s?o uma solu??o a ser abra?ada", enfatizou Rousseff. "A Reuni?o de Líderes Globais sobre Mulheres deve refletir essa verdade - n?o apenas em suas declara??es, mas nas a??es que inspira. A história está chamando mais uma vez, e devemos responder com coragem, clareza e vontade coletiva."
Rousseff descreveu a Quarta Conferência Mundial sobre a Mulher, realizada em Beijing em 1995, como "um momento marcante em nossa luta coletiva pela igualdade de gênero", que resultou na Declara??o de Beijing e na Plataforma para A??o - "um compromisso global sem precedentes com os direitos das mulheres".
"O evento mudou o debate global e forneceu uma estrutura abrangente para a a??o em 12 áreas críticas, incluindo pobreza, educa??o, saúde, violência, participa??o política e meio ambiente. Trinta anos depois, seu legado continua n?o apenas relevante, mas essencial. A plataforma n?o é apenas um documento histórico, é um roteiro vivo", afirmou Rousseff.
Apesar dos desafios persistentes, Rousseff destacou que as mulheres n?o est?o esperando pelas mudan?as, mas as est?o liderando. "O empoderamento das mulheres é fundamental para construir um futuro justo, sustentável e pacífico. O espírito de Beijing nos chama n?o a comemorar, mas a agir com a urgência que a igualdade de gênero exige", acrescentou ela.
Como presidente do NBD, estabelecido pelos países do BRICS, Rousseff ressaltou o papel das institui??es financeiras multilaterais na promo??o de um desenvolvimento inclusivo e justo de gênero.
"As finan?as n?o s?o neutras", disse ela. "Devemos n?o apenas financiar o crescimento, mas também moldar o tipo de desenvolvimento que buscamos - um que seja inclusivo, sustentável e equitativo."
Como a primeira mulher presidente do NBD, Rousseff disse que o banco tem apoiado projetos que melhoram o acesso das mulheres à água potável, energia, transporte e moradia, particularmente em comunidades rurais e carentes.
"Onde investimos e em quem investimos moldam o futuro", disse Rousseff. "Se quisermos realizar os objetivos da Plataforma para A??o de Beijing e da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, as institui??es financeiras devem alinhar seu trabalho com as realidades vividas pelas mulheres. O NBD tem o potencial de liderar essa mudan?a, n?o apenas financiando projetos, mas também transformando a própria lógica do desenvolvimento", acrescentou ela.
Segundo Rousseff, a Iniciativa de Governan?a Global da China (IGG) surge em um momento crítico da história. "Ao promover uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, a iniciativa muda o paradigma da domina??o e do unilateralismo para a parceria e o progresso coletivo", afirmou ela.
"O progresso das mulheres é inseparável do progresso para a humanidade. Guiada por esse princípio, a IGG tem o potencial de ajudar a construir um mundo multipolar, pacífico e justo, onde a igualdade de gênero n?o seja uma preocupa??o periférica, mas um compromisso central", disse Rousseff.