Por Zhou Zhiwei
BEIJING, 13 de maio (Diário do Povo Online) - O preimiê chinês, Li Keqiang, iniciará, na próxima segunda-feira (18), sua visita aos quatro países latino-americanos, e o Brasil será a primeira parada. A presidente brasileira, Dilma Rousseff, disse em uma recente entrevista com o veículo de imprensa chinesa que espera a visita de Li Keqiang a favorecer ao comércio e investimento bilateral, coopera??o científica e financeira, sistema do Brics, e Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas (BAII), entre outros. Sem dúvida, a visita do premiê chinês está na hora certa para o Brasil que está sofrindo a press?o de recess?o econ?mica. Por isso, para a opini?o pública, a realiza??o do acoplamento de oferta e procura entre a China e Brasil será o maior foco desta visita importante.
No setor comercial, a China e o Brasil precisam de estabelecer novas rela??es de oferta e procura. Com o abrandamento do crescimento econ?mico da China e a redu??o dos pre?os dos commodities no mercado internacional, o comércio sino-brasileiro em 2014 diminuiu em 7%. Tratou-se do segundo crescimento negativo do comércio bilateral desde 1999 (o primeiro crescimento negativo aconteceu em 2012, de 3%). Nos primeiros quatro meses deste ano, o comércio bilateral reduziu em 19% em compara??o com o mesmo período do ano anterior, entre o qual a redu??o da exporta??o do Brasil à China representa 32%. Portanto, o comércio sino-brasileiro focalizado nos produtos primários na última década está enfrentando grandes desafios.
Durante a visita de Li Keqiang ao Brasil, os dois países v?o assinar acordos para levantar a proibi??o da exporta??o da carne bovina brasileira à China. Mesmo assim, o comércio bilateral n?o pode se recuperar em curto prazo, especialmente o Brasil pode continuar enfrentando déficit comercial no comércio sino-brasileiro nos próximos anos. Quanto à expans?o dos tipos de produtos exportados à China, o Brasil prop?s aumentar a exporta??o de café, produtos agrícolas processados, e servi?os comerciais, entre outros. Porém demora um longo período para p?r em prática essas políticas. Com a situa??o atual, a realilza??o de livre comércio mencionada pela presidente Dilma na entrevista ainda carece de condi??es maturas.
Por outro lado, a cooper??o sino-brasileira no setor de investimento está em bom andamento. Em primeiro lugar, a taxa de investimento é baixa no Brasil, sobretudo com o encolhimento do mobilidade do mercado internacional nos recentes anos, a demanda brasileira dos capitais estrangeiros continua aumentando. Segundo, a estratégia de exporta??o de capacidade de produ??o e equipamentos da China ofereceu oportunidades de coopera??o para indústrias chinesas e brasileiras. Nas áreas de constru??o de infraestruturas e manufatura, a China e o Brasil têm condi??es para realizar o acoplamento financeiro e tecnológico. Terceiro, o sistema de coopera??o integral entre a China e a América Latina definiu os seis setores de chave: recursos energéticos, constru??o da infraestrutura, agricultura, manufatura, inova??o científica e tecnológica, e tecnologia informática. As infraestruturas foram enfatizadas, particularmente os projetos de constru??o do Corredor Ferroviário Transoceanico. Além disso, Dilma Rousseff expressou na entrevista a vontade brasileira de convidar a China a participar da constru??o da ferrovia de alta velocidade no seu país. Por isso, prevê-se que os investimentos da China no Brasil ter?o um crescimento significativo. Segundo a imprensa brasileira, durante a visita de Li Keqiang, a China e o Brasil podem assinar 60 acordos de investimentos, no valor de cerca de 53 bilh?es de dólares. Se isso for a verdade, o objetivo de “bimotor de comércio e investimento”, apresentado no Fórum de Coopera??o China-Amércia-Latina realizado no ínicio deste ano, poderá ser concretizado no Brasil.
Além das rela??es econ?micas e comerciais, as coopera??es integrais entre a China e a América Latina, o mecanismo dos Brics e o BAII também ser?o temas importantes no encontro dos dois líderes. Em termos de coopera??o entre a China e Amércia Latina, a altitude do Brasil está em dilema. Por um lado, com a expans?o da economia chinesa, o refor?o de coopera??o da China para com a Amércia Latina é uma tendência irreversível, e a realiza??o da colabora??o sino-latino-americana, sobretudo a promo??o do desenvolvimento das infraestruturas na regi?o, corresponde ao objetivo estratégico de “realiza??o de interliga??o regional”. Mas por outro lado, a amplia??o da influência chinesa na América Latina pode diminuir a voz do Brasil na regi?o, o que n?o corresponde a sua estratégia de “procurar a lideran?a na regi?o”.
A posi??o e dedica??o do Brasil na coopera??o entre a China e a América Latina vai influenciar o ritmo do processo de colabora??o. Em rela??o ao Banco de Desenvolvimento do Brics e ao BAII, a China e o Brasil precisam de coordenar as posi??es, princípios e planejamentos de coopera??o. A visita de Li ainda oferecerá uma oportunidade de consulta para os dois países abordarem as quest?es de várias áreas para acolher a Cúpula do Brics a ser realizada em junho. Na quest?o da BAII, o Brasil n?o só quer ser um dos membros fundadores da institui??o, mas também pretende promover a extens?o da estratégia chinesa de “Um Cintur?o e Uma Rota” para a América do Sul, a fim de realizar a atualiza??o das infraestruturas do seu país e da regi?o sul-americana.
Atualmente, as rela??es sino-brasileiras est?o na fase de transforma??o e atualiza??o. A transforma??o focaliza nas áreas econ?mica e comercial, enquanto a atualiza??o focaliza nas coopera??es multilaterais dos dois países. A visita do premiê Li Keqiang será importante para o futuro desenvolvimento das rela??es bilaterais. Por um lado, seá estabelecido o “novo motor” das real??es econ?micas e comerciais sino-brasileiras para promover a sustentabilidade das coopera??es comerciais, e por outro lado, será refor?ada a colabora??o financeira nas setores multilaterais entre os dois países e enriquecida a coopera??o na governan?a global das rela??es bilaterais.
Zhou Zhiwei: diretor executivo do Centro de Estudos Brasileiros do Instituto Latino-Americano da Academia Chinesa de Ciências Sociais