Por Stephan Mothe
Na última década, as rela??es entre a China e a América Latina têm sido estreitadas gra?as ao refor?o do comércio bilateral, investimentos e intercambios culturais, e, ao mesmo tempo, as visitas de Estado e cúpulas estratégicas também desempenharam um papel cada vez mais importante, o que foi refletido especialmente nas rela??es sino-brasileiras.
O Brasil, maior parceiro comercial da China na América Latina, recebeu no ano passado o presidente chinês, Xi Jinping, durante a Cúpula do BRICS, e nesta vez, o premiê Li Keqiang.
O premiê Li visita o Brasil em um momento quando o país latino-americano está enfrentando problemas ambiental e econ?mico. Na temporada de que o Brasil deveria se encontrar na esta??o chuvosa, o sudoeste do Brasil sofre a seca que causou a redu??o da gera??o hidráulico de energia. A prefeitura de S?o Paulo tem que tomar medidas para limitar o fornecimento de água. Por outro lado, a produ??o industrial diminuiu por 13 meses consecutivos. Foi o pior desempenho do país desde a crise financeira global que come?ou em 2008.
Felizmente, o Brasil encontrou a China, um parceiro confiável. O comércio bilateral entre os dois países atingiu 83,3 bilh?es de dólares em 2013, e reduziu um pouco para 77,9 bilh?es em 2014. No entanto, isso n?o foi resultado da redu??o do volume de negócios, mas influenciado pela queda de pre?os dos commodities internacionais e desvaloriza??o da moeda brasileira. Muitos indícios mostram que com pre?os e moeda estáveis, o Brasil vai continuar ganhando benefícios do comércio bilateral com a China.
O argumento de que o abrandamento econ?mico da China prejudica o Brasil é provavelmente exagerado. Embora o comércio bilateral focalize soja, ferro, petróleo, entre outro, a China está acelerando sua urbaniza??o e transformando na economia de consumo, o que v?o trazer boas oportunidades para o Brasil e diversificar sua exporta??o.
O Brasil tem uma grande competitividade na economia agrícola e já foi beneficiado com isso. Em 2014, a exporta??o de algod?o e couro do Brasil à China registrou o crescimento mais rápido. Em 2015, a exporta??o de carne de aves, carne bovina, até carne suína pode ser fortalecida.
Entre os dias 4 e 8 de maio, com lideran?a da Agência Brasileira de Promo??o de Exporta??es e Investimentos (APEX), os representantes de mais de 30 empresas agrícolas e empresas de alimentos e bebidas brasileira participaram das feiras realizadas em Guangzhou e Shanghai. A visita do premiê Li também trouxe uma comitiva de 150 empresários ao Brasil.
Além do comércio, o investimento também é um dos temas importantes. Na visita do premiê Li ao Brasil, os dois países v?o assinar vários acordos de investimentos focalizados na constru??o de infraestruturas de transporte, energia e comunica??o. O povo e as empresas brasileiras ser?o maiores beneficiários desses investimentos. O Brasil tem necessidade urgente para refor?ar a constru??o de infraestruturas, enquanto as empresas chinesas têm vantagens na constru??o de ferrovias, barragens e linhas de transmiss?o de energia elétrica.
Durante a visita do premiê Li, os dois países v?o assinar o documento de coopera??o da pesquisa de viabilidade da Ferrovia Transoceanica, que atravessará o Brasil e o Peru para ligar os Oceanos Atlantico e Pacífico. Essa ferrovia pode quebrar o monopólio da logística internacional do Canal do Panamá, controlado pelos Estados Unidos, e tem significado importante para o desenvolvimento econ?mico dos países latino-americanos.
*Stephan Mothe: analista do Euromonitor Internacional, sediado no Rio de Janeiro.