De um leque de 47 novas inclus?es, a UNESCO acrescentou os documentos referentes ao massacre de Nanquim nos Registos da Memória do Mundo, na sexta-feira. O reconhecimento internacional de uma heran?a documental que comprova as atrocidades cometidas na cidade, representa uma parte importante dos esfor?os internacionais para preservar a memória coletiva da humanidade, assim como promover a paz e a justi?a.
Tendo em conta os sucessivos episódios de nega??o e manipula??o dos acontecimentos do passado por parte de nacionalistas japoneses, o passo tomado pela UNESCO de incluir os referidos documentos no seu espólio simboliza a posi??o do mundo para com as falsidades alegadas pelos japoneses de extrema-direita. De aqui em diante, qualquer renúncia face aos factos será fútil.
Como país que ainda n?o demonstrou ao mundo de forma consistente estar consciente do seu passado de agress?o na Segunda Guerra Mundial, o Jap?o tentou intervir contra a escolha da UNESCO. O ministro dos negócios estrangeiros japonês alegou ser “extremamente lamentável” e questionou a neutralidade e justi?a da institui??o mundial, tendo inclusive pedido a reformula??o do processo.
Tais comentários n?o s?o baseados em factos ou na raz?o, dada a existência de documenta??o histórica e do rigor dos critérios de escolha da UNESCO n?o ser discutível.
N?o importa mais o qu?o a extrema-direita japonesa decida manter a sua posi??o, pois agora o mundo tem uma imagem clara dos acontecimentos que tiveram lugar na capital chinesa da época (Nanquim), onde soldados japoneses mataram 300,000 civis e soldados desarmados ao longo de 6 semanas.
O evento, recorrentemente descrito como “Massacre de Nanquim”, foi notícia em todo o mundo, tendo sido testemunhado por jornalistas de meios de comunica??o ocidentais incluindo o New York Times, a Associated Press e o Chicago Daily News. Nenhum historiador respeitado ou académico no mundo duvida da existência destes acontecimentos.
No que diz respeito à decis?o da UNESCO, esta foi feita após um processo de dois anos, parte do ciclo de nomea??es 2014-2015 em que 88 incri??es de 61 países foram examinadas. A acusa??o japonesa representa uma tentativa desesperada para desacreditar a decis?o tomada pelo org?o.
Se o Jap?o ainda se considera um membro responsável da UNESCO, deverá respeitar a sua decis?o e usá-la como instrumento de introspe??o, com vista a corrigir a sua própria perspetiva histórica nacional.
As acusa??es japonesas também evidenciam a sua inten??o de impor ao mundo os seus valores falíveis de justi?a e a sua perspetiva distorcida da história.
A inclus?o dos documentos inscritos pela China na memória do mundo terá uma influência positiva na valoriza??o da paz e na salvaguarda da dignidade humana.
Tradu??o: Mauro Marques