O professor Guillermo Pulido, diretor do Centro de Estudos China-México da Universidade Nacional Autónoma do México, concedeu ontem (24) uma entrevista exclusiva ao Diário do Povo Online durante o “Yenching Global Symposium” e falou sobre os intercambios da China com o México e com o restante dos países da América Latina. Para ele, a China e os países latino-americanos, para além do comércio e economia, precisam refor?ar os intercambios culturais.
Diário do Povo Online - A China e o México têm vários desafios em comum. Como os dois países compartilham as suas experiências?
Guillermo Pulido - Eu acho que existe um diálogo entre os governos do México e da China para discutir precisamente este tipo de temas e sobre as experiências que cada um tem em seu país, além de compartilharem como seguir desenvolvendo as suas políticas, quais foram os acertos e os erros em cada um desses programas, uma vez que eles têm situa??es efetivamente similares. Entretanto, eu n?o diria similares em assuntos t?o drásticos como violência, mas em assuntos como o combate à pobreza, desenvolvimento da classe média e taxas de crescimento econ?mico mais adequada. Ambos os países têm problemas em temas como polui??o das águas, do mar e dos mares, ent?o eu creio que ambos, através desses diálogos e das institui??es acadêmicas, podem compartilhar esses desafios.
O senhor acha que a China e o México devem estreitar as rela??es bilaterais?
Claro, temos que pensar que as rela??es s?o muito novas. O conhecimento sobre a China no México está principalmente nas universidades. O desafio é muito grande, acho que temos que trabalhar muito mais, há muito mais para fazer! 44 anos de rela??es diplomáticas é muito pouco. Acho que as rela??es atravessaram momentos diferentes, mas todos de coopera??o; alguns melhores que outros, mas hoje estamos num momento verdadeiramente extraordinário de enorme potencial. Pelo o que eu percebo, as rela??es do meu país com a China v?o crescer muito mais em muitos outros campos de conhecimento.
Quais fun??es a literatura e o intercambio cultural desempenham?
A China tem grandes filósofos como Confúcio, Laozi e muitos outros que n?o tivemos de esperar esses 44 anos para conhecer. Se sabe sobre eles no México há muito tempo. Nas universidades mexicanas se ensina muito sobre a filosofia e a civiliza??o chinesa, sobre muitos aspectos da história e cultura da China. Eu creio que o desafio n?o seja o de as universidades preparem mais jovens e mais profissionais, mas como podemos difundir mais o que é um país, um aspecto da cultura. O desafio é muito grande. Volto ao início. Se você n?o estudou o México ou se eu n?o estudei a China, o que vou te dizer é muito pouco, o que todo mundo sabe, n?o vou poder aprofundar...Taco ou futebol n?o s?o os únicos representativos do México. Escritores, literatura, artes plásticas, música...é sobre isto que temos de trabalhar para conhecermos uns aos outros e, a língua, que caracteriza um país. é sobre isto que temos de trabalhar.
Para muitos chineses, o México tem uma imagem um pouco negativa ligada a violência e ao tráfico de drogas. Por outro lado, os mexicanos também têm uma certa imagem negativa da China. O que devemos fazer para melhorar a nossa imagem?
Veja, há muitas formas de melhorar, mas a melhor é poder viver, constatar, testemunhar, caminhar pelas ruas, poder comer a comida, poder conhecer as pessoas. Eu acho que as agências como a que você trabalha têm de dizer coisas melhores sobre os nossos países, e n?o vender a notícia. Vender a notícia é uma coisa, falar sobre a cultura, sobre a civiliza??o, sobre as pessoas, sobre você vivendo no México, no Equador…ou seja, compartilhar a experiência é outra coisa. Dos últimos 70 pesquisadores que vieram para a China pelo nosso instituto nesses últimos 3 anos, 70% vieram pela primeira vez ao país. Qual a imagem que levaram da China? Uma imagem maravilhosa! E o que v?o fazer com essa imagem? Reproduzi-la! Isto porque eles s?o diretores, pesquisadores, professores.
Em rela??o ao seminário, como o senhor avalia o tema ‘A China se depara com o mundo, o mundo vem para a China’?
O tema escolhido é muito bom. Lembrou-me o lema das olimpíadas “um mundo, um sonho”. Eu acho que quanto mais conhecimento nós tivermos um dos outros, podemos criar um mundo muitíssimo melhor e quanto menos nos focar nos problemas pequenos poderemos pensar nos problemas que realmente desafiam um grupo de países ou à humanidade na sua integralidade. Eu gosto desse tipo de tema.
O simpósio é importante para conhecer a China?
Claro que sim, porque os alunos vêm de diferentes países, ent?o é uma oportunidade extraordinária para que eles possam conhecer, através dos seus estudos na China, situa??es sobre a economia, cultura, politica, língua, meio ambiente...sobre a política atual, como está mudando a normalidade em vários campos, quais s?o os temas atuais. Eu creio que é muito importante porque vai fazer desses jovens verdadeiros embaixadores da cultura chinesa.