Por Mauro Marques e Renato Lu
A Universidade das Rela??es Internacionais, com sede em Beijing, organizou no dia 17 um seminário acadêmico para debater estratégias de integra??o entre a China e os países de língua portuguesa no enquadramento da iniciativa chinesa “Um Cintur?o e uma Rota”, do qual participaram várias individualidades ligadas ao estudo das rela??es entre a China e a lusofonia.
Rossana Valéria de Souza e Silva
Rossana Valéria de Souza e Silva, docente da Universidade de Brasília e diretora executiva do Grupo Coimbra de Universidades Brasileiras, foi uma das conferencistas, tendo presidido à palestra “As rela??es China-Brasil: 40 anos de parceria dinamica”.
A professora se disponibilizou a responder a algumas quest?es do Diário do Povo Online sobre o panorama de coopera??o acadêmica entre o Brasil, a China e os países falantes de língua portuguesa.
Na qualidade de professora universitária, Rossana come?a por indicar que a importancia da China enquanto parceiro parceiro estratégico para o Brasil “em diversos setores, no ambito comercial, económico e empresarial, de forma geral”, tem aberto portas para “…um interesse muito grande no ambito educacional. Cada vez mais nós temos, por exemplo, mais estudantes no Brasil interessados em aprender o Mandarim”.
Coopera??o acadêmica e mobiliza??o s?o conceitos a reter: “As universidades brasileiras têm muito interesse no desenvolvimento de programas de coopera??o envolvendo as universidades chinesas. Tanto no que diz respeito à mobilidade de estudantes, em todos os níveis, como também de professores e pesquisadores. Por exemplo, eu represento aqui uma rede de universidades, formada por 72 universidades. Nós temos muito interesse em receber os pesquisadores chineses de todas as áreas porque as nossas universidades s?o multidisciplinares. Temos possibilidade de receber e de enviar pesquisadores para diferentes ambitos que s?o considerados estratégicos no Brasil. Como também para a China. Como falamos nesse seminário, a quest?o da infraestrutura e da energia, s?o temas que para nós s?o considerados prioritários e estratégicos”.
Macau é um foco de coopera??o a ter em conta: “Macau tem uma importancia significativa em fun??o do idioma, o que possibilita uma aproxima??o muito grande entre o Brasil e os demais países de língua portuguesa com a China continental. No ambito, por exemplo, das rela??es da coopera??o internacional universitária há iniciativas como a FORGES, da qual eu fa?o parte, que é o Fórum de Gest?o da Educa??o Superior dos Países e Regi?es de Língua Portuguesa. Chegamos a realizar um evento e a discutir planos estratégicos envolvendo Macau. Ent?o, também ressalto que na minha avalia??o como professora universitária, Macau tem, de fato, uma posi??o estratégica no que diz respeito à localiza??o, ao idioma… e também pelo link que existe entre Macau e Portugal e às possibilidades de desenvolvimento de projetos movendo os demais países de língua portuguesa”.
A manuten??o das rela??es com os países de língua portuguesa é, para a professora, um ponto de interesse para o Brasil: “O Brasil tem muito interesse em manter a rela??o com os países de língua portuguesa, tanto que participa da CPLP. Além disso, nós temos também no ambito educacional das universidades, a associa??o de universidades de língua portuguesa e isso, de fato, é uma prioridade e um ponto estratégico no desenvolvimento da coopera??o internacional”.
A nossa entrevistada analisou, por fim, a importancia do seminário: “Considero essa iniciativa muito importante, porque n?o discute apenas temas da coopera??o da China com os países de língua portuguesa, mas também com quest?es internas da China e da sua política de desenvolvimento. Outro aspeto muito importante também no seminário é que demonstra que o desenvolvimento de um país n?o pode ser feito sem considerar a sua vizinhan?a. T?o forte seremos enquanto pudermos observar n?o só aquilo que nós queremos para o nosso país, mas para o que queremos para os demais países da nossa regi?o e de outras regi?es”.