Gar?om prepara a carne para clientes na cidade de Guangzhou, no sul da China. (Foto: ChinaDaily)
A produ??o interna limitada da China e aumento da renda per capita est?o impulsionando as importa??es de carne bovina do país asiático vindas do Brasil.
Cerca de um ano após se recuperar de um surto da doen?a da vaca louca, o Brasil ultrapassou a Austrália como o maior exportador de carne bovina para a China.
O défice de produ??o tem aumentado na China, enquanto as importa??es est?o registrando números recordes.
A alta produ??o de carne no Brasil e os baixos pre?os ajudaram empresas como JBS, Minerva e Marfrig a aumentarem em 65% as suas exporta??es para a China no primeiro semestre deste ano.
Tradicionalmente, os chineses comem muito mais carne de porco do que qualquer outra carne, mas o consumo per capita deste tipo de carne está caindo. Por outro lado, a demanda por carne bovina está aumentando.
Apenas os EUA importam mais carne do que a China. O rápido crescimento econ?mico na última década na China gerou a segunda maior economia do mundo e uma classe média em expans?o que pode pagar para ter mais proteína na sua dieta.
Ao mesmo tempo, o Brasil tem excedente de carne bovina, uma demanda doméstica estagnada e as exporta??es do país s?o atraentes para os compradores internacionais após a moeda brasileira (real) ter despencado no ano passado.
A China suspendeu em maio do ano passado um embargo contra o Brasil que já durava três anos. O embargo foi imposto após a epidemia de vaca louca que atingiu o Brasil em 2012.
"A China vai gerar um grande impacto no comércio de carne bovina", disse Miguel Gularte, chefe da JBS Mercosul. "é um mercado fantástico para o Brasil", porque o país asiático tem "centenas de milh?es de pessoas que est?o come?ando a consumir carne vermelha", disse ele.
Trabalhadores processam carne em uma linha de produ??o na fábrica de processamento de carne da Minerva, em Barretos, Brasil. (Foto:China Daily)
Neste ano, o consumo per capita de carne bovina na China baterá o recorde de 3,87 kg, em compara??o com os 3 kg de uma década atrás, de acordo com estimativas da Organiza??o para a Coopera??o Econ?mica e Desenvolvimento.
Como a produ??o n?o manteve o mesmo ritmo, as importa??es da China este ano v?o crescer 22%, subindo para 1,23 milh?es de toneladas, incluindo as importa??es de Hong Kong, de acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA.
Isso representa um aumento quase quatro vezes maior que em 2012, e as importa??es representam agora 36% da demanda, valor maior que os 25% do ano passado.
Devido ao aumento dos pre?os dos alimentos para animais, pastagens limitadas e o ciclo de reprodu??o, o setor pecuário da China está atrás da demanda interna, resultando em pre?os mais caros da carne de cordeiro ao longo dos últimos cinco anos, de acordo com um relatório divulgado em dezembro de 2015 pela Academia Chinesa de Ciências da Agricultura.
O comércio bilateral entre China e Brasil em 2015 foi de US$ 71,59 bilh?es, tornando a China no maior destino das exporta??es brasileiras e na maior fonte de importa??es do Brasil, segundo dados divulgados pelo Departamento Geral das Alfandegas.
Com a queda na produ??o de carne da Austrália, tradicionalmente o maior fornecedor de carne da China, e a desvaloriza??o da moeda brasileira em 33%, além da recess?o econ?mica, importar carne do Brasil se tornou algo atraente.
Enquanto alguns tipos de carne do Brasil ainda sofrem proibi??es, como órg?os ou carne desossada, a China permite a importa??es de carne mais comuns, incluindo bifes e carne moída. Com a maioria dos mercados mais atraentes como o Jap?o e Coreia do Sul ainda fechados para a carne brasileira, a maior parte dos embarques do país de cortes nobres como bifes acabam indo para a Europa.
"A China está emergindo como uma alternativa em rela??o a Europa para a carne nobre do Brasil", disse Antonio Camardelli, diretor da Associa??o Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, Abiec, em uma entrevista por telefone direto de S?o Paulo. "Ainda há muito espa?o para aumentar as exporta??es de carne gourmet para a China."
Há sinais de que a demanda dos compradores chineses vai diminuir, "pressionando os pre?os para baixo", disse Gularte da JBS. Ainda assim, os embarques de carne do Brasil para a China este ano ser?o o dobro do valor registrado em 2015, disse ele.
A ásia representou 26% das exporta??es da Minerva no ano fiscal encerrado em mar?o, tornando-se o principal destino das exporta??es da empresa, que possui sede em S?o Paulo. O valor é 18% do que o ano anterior.
A China n?o tem comprado apenas produtos agrícolas do Brasil, mas também tem investido mais nos setores financeiros e em infraestrutura na América Latina como um todo, impulsionando o crescimento e diversificando os seus investimentos no exterior.
Os investimentos chineses em setores n?o financeiros na América Latina chegaram a US$ 21,4 bilh?es em 2015, um aumento anual de 67%. Os investimentos da China foram principalmente para o Brasil, Venezuela, Argentina e Equador, segundo dados do Ministério do Comércio.
Edi??o: Rafael Lima