Por Pieter Bottelier
Com a atual situa??o econ?mica e política mundial, toldada pela incerteza, muitos especialistas colocam a sua aten??o no gigante asiático, numa altura em que a economia deste país se encontra num patamar de desempenho sem precedentes, intimamente interligada com o resto do globo.
Fui destacado para Beijing em 1990, como chefe representativo do Banco Mundial, o que me deu a oportunidade compreender de melhor a China.
Durante esta experiência, pude testemunhar em primeira m?o o espírito da reforma de abertura permear cada recanto da China.
Durante a minha vida trabalhei em muitos países em desenvolvimento. Porém, a experiência na China se revelou a mais singular.
A determina??o em avan?ar; a forma resoluta com que o povo trabalha; o espírito de audácia para agir; a ansia de aprender as técnicas mais avan?adas em voga no cenário internacional a fim de promover o desenvolvimento nacional; o alcance da moderniza??o econ?mica por via da experiência adquirida com a prática — todos estes fatores n?o deixam ninguém indiferente.
Como tal, o desenvolvimento alcan?ado pelo país nos últimos 30 anos tem atraído a aten??o de todo mundo.
A pobreza extrema foi amplamente erradicada; o setor de habita??o, dos servi?os de assistência social e o sistema de seguran?a social têm também registrado resultados notáveis.
Na China moderna, mesmo as aldeias mais remotas s?o agora abrangidas pelo abastecimento de água e eletricidade; interligadas por uma renovada rede de vias públicas e conectadas com o resto do mundo através da internet.
A China é a segunda maior economia do mundo, a maior exportadora e a maior potência de produ??o de bens.
Apesar das taxas de crescimento do país terem arrefecido nos últimos anos, o país contribui ainda em um ter?o para o crescimento da economia mundial. Entre 2008 e 2009, em plena crise financeira internacional, o contributo da China ascendeu aos 50%.
Com uma estratégia de desenvolvimento orientada para a inova??o, a China é atualmente líder nas áreas de energias alternativas, nanotecnologia, diversos setores da indústria farmacêutica e em tecnologias de pagamento móvel.
O aumento do poder de compra da popula??o chinesa tem também funcionado como for?a motriz no mercado de consumo mundial.
A economia chinesa, como seria expectável, enfrenta também desafios, que incluem a excessiva alavancagem, o excedente de capacidade em vários setores e os bancos-sombra.
No entanto, de um ponto de vista geral e objetivo, apesar do panorama econ?mico chinês se deparar com problemas mais sérios, os governantes têm sido capazes de tomar decis?es e agir oportunamente.
Atualmente, as reformas orientadas para o mercado têm ainda margem de progress?o. O ponto nevrálgico prende-se com o aperfei?oamento dos sistemas econ?mico e legal.
A Terceira Sess?o Plenária do 18o Comitê Central do Partido Comunista da China anunciou, precisamente, um panorama de amplifica??o e aprofundamento de reformas.
A busca ininterrupta da China na sua jornada reformista tem transmitido, n?o só ao país mas a toda a comunidade internacional, uma confian?a mais firme no futuro da economia chinesa.
é, por isso, expectável que a China, durante a sua participa??o no Fórum Econ?mico Mundial, em Davos, dê um contributo sólido para inverter a situa??o de estagna??o econ?mica mundial.
(O autor é o antigo chefe representativo do Banco Mundial na China.)