Rio de Janeiro, 19 mar (Xinhua) -- A Policia Federal (PF) brasileira realizou na sexta-feira uma grande opera??o para desmantelar uma rede ilegal de comercializa??o de carne vencida feita por vários frigoríficos envolvendo funcionários do Ministério da Agricultura nos estados brasileiros de Paraná, Goiás e Minas Gerais.
Cerca de 1,1 mil policiais federais cumpriram 309 mandatos judiciais, 27 de pris?o preventiva 11 de pris?o temporária, 77 de condu??o coercitiva e 94 de busca e apreens?o nas residências e escritórios dos investigados, naquela que está sendo considerada pela própria PF como a maior opera??o realizada até hoje na história da institui??o, após uma investiga??o que durou dois anos.
Em entrevista à imprensa esta sexta-feira, o delegado da PF, Maurício Moscardi Grillo, explicou que produtos químicos eram usados para disfar?ar o odor da carne vencida e que também se injetava água nos produtos para aumentar o peso das por??es e que a fraude era feita com a conivência de fiscais do Ministério da Agricultura através da adultera??o de certificados e falsos controles sanitários.
Segundo o delegado, a investiga??o revelou que parte do lucro arrecadado com as vendas se destinava a pagar subornos ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), do presidente Michel Temer e ao Partido Progressista (PP), também da base que apoia o governo.
Entre as empresas investigadas, est?o desde pequenos frigoríficos até as maiores do país e de grande penetra??o internacional, como a BRF, dona das marcas Sadia e Perdig?o e o Grupo JBS, maior processadora de carne do mundo, proprietária das marcas Friboi, Seara e Swift, entre outras.
A divulga??o da opera??o "Carne Fraca" e, principalmente o nome das empresas citadas, caiu como uma bomba no mercado e as a??es das duas multinacionais brasileiras sofreram fortes quedas na sexta-feira na Bolsa de Valores de S?o Paulo.
A JBS admitiu que três de suas fábricas foram alvo da opera??o "Carne Fraca" mas negou qualquer prática de adultera??o em seus produtos.
Em nota oficial, a JBS afirmou ainda que todas as suas subsidiárias "atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em rela??o à produ??o de alimentos no país e no exterior" e que apoia puni??es a irregularidades.
Em fato relevante divulgado à CVM (Comiss?o de Valores Mobiliários), a BRF também disse que está colaborando com a opera??o. A companhia destacou que cumpre normas e regulamenta??es na produ??o e venda de seus produtos, possui processos de controle rigorosos e n?o compactua com práticas ilícitas.
"A BRF assegura a qualidade e a seguran?a de seus produtos e garante que n?o há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua", afirmou.
N?o obstante, dois funcionários da empresa Roney Nogueira dos Santos, gerente de rela??es institucionais e governamentais da BRF, e André Luis Baldissera, diretor da BRF, tiveram pris?o preventiva decretada pelo juiz federal, acusados de atuar para influenciar nas decis?es dos fiscais do Ministério da Agricultura.