O presente artigo é um editorial do jornal China Daily.
Na quarta-feira, o Reino Unido iniciou formalmente o processo de abandono da Uni?o Europeia, com a primeira-ministra Theresa May a ativar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que inaugura um período de dois anos para negociar a saída do bloco.
Embora May tenha prometido um “divórcio de sucesso”, pairam várias incertezas e restri??es que dever?o p?r em causa os esfor?os para atingir esse fim.
Internamente, May enfrenta uma na??o fraturada, especialmente a Escócia, que, na tentativa de se manter parte da UE, procura realizar um novo referendo de independência.
Externamente, há a possibilidade de que as negocia??es falhem e que o Reino Unido seja for?ado a abandonar a UE sem conseguir qualquer acordo. Independentemente do resultado, o país terá de assegurar novos acordos comerciais com parceiros europeus e procurar mercados alternativos. Nenhuma das duas tarefas se afigura fácil.
No que concerne à primeira, outrora autoproclamado porta de entrada para a UE, o Reino Unido terá agora que procurar novos pontos de venda.
A China, por exemplo, encarava o Reino Unido como ponte para aceder ao vasto mercado da UE, o seu maior parceiro comercial.
A coopera??o sino-britanica irá, porém, prosseguir. O Reino Unido, o segundo maior parceiro comercial da China entre os membros da UE, procurou sempre investimento chinês em domínios como a energia nuclear e transporte ferroviário de alta velocidade; a China, por seu turno, tem procurado no Reino Unido ajuda para desenvolver o seu mercado financeiro e a facilita??o na internacionaliza??o do yuan. Londres já se tornou um centro para a negocia??o offshore da divisa chinesa.
Enquanto membro fundador do Banco Asiático de Desenvolvimento em Infraestrutura, o Reino Unido pode aproveitar as oportunidades do financiamento massivo proporcionado pelo banco em projetos ao longo da ásia, áfrica e Europa.
Além disso, tanto a China como o Reino Unido s?o defensores do livre comércio. Embora as conversa??es para um acordo de livre comércio entre a China e UE decorram de forma relativamente lenta, devido à press?o de alguns países da UE, o Brexit poderá instar a China e o Reino Unido a selar um acordo dessa natureza numa data mais precoce.
O futuro da colabora??o sino-britanica na era pós-Brexit, contudo, depende da vis?o e do estadismo dos seus líderes.
Enquanto o Brexit reflete a tendência de alguns países se retraírem e se focarem no passado, os líderes chineses continuam a olhar para o exterior e para o futuro, promovendo uma vis?o de globaliza??o económica como o caminho correto a seguir, visando a partilha de benefícios entre os vários países da comunidade internacional.