Londres, 20 abr (Xinhua) -- O anúncio da primeira-ministra britanica, Theresa May, sobre a realiza??o de elei??es gerais em junho impulsionou a libra esterlina em rela??o ao dólar norte-americano e atraiu comentários favoráveis de economistas.

No entanto, May deve esperar até quarta-feira para a Camara dos Comuns decidir sobre sua proposta para adiantar as elei??es para junho, sendo que estavam programadas para serem realizadas apenas em maio de 2020.

Os mercados de cambio n?o hesitaram em dar seu veredicto.

A libra esterlina foi negociada a 1.29 dólares americanos no início da tarde em New York, partindo dos 1.25 USD negociados em Londres.

No entanto, algumas das empresas do FTSE 100 da Gr?-Bretanha, cujos negócios s?o muitas vezes globais e frequentemente cotados em dólares, sofreram perdas com a alta da libra esterlina. O índice FTSE 100 perdeu 2.5% fechando em 7147.5.

Para alguns economistas, a elei??o geral proposta por May foi uma boa notícia.

"Do ponto de vista econ?mico, certamente parece ter mais sentido para o governo conservador realizar as elei??es gerais o mais rápido possível - se a primeira-ministra chegou à conclus?o de que uma elei??o geral se justificava no dia 8 de junho para garantir a estabilidade política e solidariedade ao Brexit", disse Howard Archer, economista-chefe dos analistas da IHS Markit em Londres.

O impacto do referendo do Brexit em junho de 2016 foi inesperado, e tal resultado seria ruim para a economia, disseram muitos peritos antes da vota??o.

No entanto, as terríveis advertências antes da vota??o n?o se materializaram em números econ?micos, e apenas a libra esterlina perdeu valor.

Esta queda grande da libra agora se reflete na infla??o, que chegou a 2,3% em mar?o, ante 0,5% em junho passado.

Os consumidores, que s?o atualmente os principais impulsionadores do crescimento econ?mico, apenas come?aram a controlar os seus gastos.

"O poder de compra dos consumidores está sendo cada vez mais espremido pela infla??o crescente e pelo crescimento acentuado dos lucros - e o aperto parece altamente provável que se aprofunde nos próximos meses. A diferen?a positiva entre o crescimento dos lucros anuais e a infla??o dos pre?os ao consumidor foi de apenas 0,4 pontos percentuais nos três meses até fevereiro, a menor taxa de crescimento dos lucros reais desde 2014", disse Archer.

Uma elei??o em junho anteciparia o pior desse impacto.

Paul Hollingsworth, economista da Capital Economics, uma empresa de análise econ?mica em Londres, disse que o rali da libra esterlina contra o dólar e contra o euro foi um voto de confian?a na decis?o de May e um sinal de que os mercados acreditavam que uma elei??o geral levaria ao aumento da estabilidade econ?mica e política no país.

No entanto, ele disse que "duvidou que o anúncio da elei??o terá um efeito econ?mico significativo no curto prazo".

Voltando ao processo do Brexit, Hollingsworth disse que iria entregar um mandato mais forte para May, mas n?o descartou completamente a possiblidade do país passar por um Brexit mais “duro”.

"Este é outro capítulo interessante para a história do Brexit, mas n?o há nada nisso que altere a nossa vis?o de que a economia continuará a realizar-se um pouco melhor do que é geralmente esperado", disse Hollingsworth.

Os sindicatos reagiram favoravelmente. Tim Roache, secretário-geral do sindicato GMB, disse que "é certo que um primeiro-ministro n?o-eleito vá às urnas".

A rea??o dos empresários também foi favorável. Terry Scuoler, executivo-chefe da EEF, a organiza??o representativa dos fabricantes, disse: "A indústria vai acolher a decis?o do primeiro-ministro de buscar um mandato claro. O último ano foi de uma incerteza considerável que, se tivesse passado sem controle, teria arriscado o futuro dos investimentos.”

Scuoler disse que a Gr?-Bretanha teve negocia??es significativas para empreender com a UE e que fazer isso com um "mandato fresco e estável do país só pode fornecer maior certeza sobre a dire??o futura política."