Ancara, 17 mai (Xinhua) -- O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, terá na ter?a-feira suas primeiras conversas com o presidente Donald Trump, com uma agenda difícil, já que Ancara colocou muito em jogo sobre a quest?o da Síria.
Trump foi o único líder ocidental a felicitar Erdogan após a sua vitória no referendo constitucional em abril, que concedeu poderes executivos mais amplos à presidência turca.
Mas os la?os entre o governo turco e o governo de Trump n?o evoluíram como Ancara desejou desde que Washington indicou que as demandas da Turquia s?o improváveis de serem realizadas, pois os EUA têm a posi??o firme sobre sua coopera??o com os combatentes curdos na Síria em sua tentativa de conduzir o estado islamico (ISIS) fora do país devastado pela guerra.
A Turquia e os EUA est?o em desacordo especialmente em quest?es que terminaram com os la?os bilaterais bloqueados. Ancara quer que Washington acabe cooperando com as Unidades de Prote??o do Povo (YPG) contra o ISIS na Síria, dizendo que eles s?o um ramo sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdist?o (PKK) ilegalizado.
No entanto, Washington ignora as preocupa??es da Turquia, especialmente ao armar os combatentes de YPG antes de uma grande ofensiva para remover o ISIS da cidade de Raqqa na Síria, embora Ancara dissesse que essas armas podem acabar com os membros do PKK.
Pelo contrário, uma semana antes da visita de Erdogan a Washington, Trump deu sua autoriza??o para o armamento direto dos combatentes de YPG em uma aparente mensagem de que o Pentágono continuará cooperando com combatentes curdos locais no terreno para a próxima ofensiva de Raqqa.
O parceiro dos EUA, o curdo sírio, dominou a alian?a conhecida como For?as Democráticas da Síria (SDF) há dois anos e Washington vê essas for?as como a for?a do Estado anti-islamica mais capaz no norte da Síria. O SDF está agora fechando em Raqqa, a capital do ISIS.
Considerando que o governo turco há muito tem proposto seu aliado da OTAN para o lan?amento da opera??o de Raqqa com os combatentes do Exército Livre Sírio (FSA) apoiados pela Turquia, Erdogan deve aumentar a oferta mais uma vez durante suas conversas com Trump.
Na semana passada, o presidente turco enviou uma delega??o de alto nível, incluindo chefe de exército, chefe da agência de inteligência e seu conselheiro próximo de Washington para estabelecer as bases para sua próxima reuni?o com o presidente dos EUA.
"Eles apresentaram um monte de documentos para ajudar a clarear a posi??o dos EUA sobre a YPG e agora vamos ter a reuni?o final, e ent?o vamos tomar a nossa decis?o final. Se formos parceiros estratégicos, devemos tomar decis?es em uma alian?a, se a alian?a for ofuscada, ent?o teremos que cuidar de nós mesmos," disse Erdogan a jornalistas em Beijing, no dia 14 de maio, dois dias antes de uma reuni?o programada com Trump em Washington.
Ele responsabilizou a burocracia norte-americana do governo Obama pela insistência americana por confiar na milícia curda síria.
Um segundo problema para a reuni?o na Casa Branca é a exigência de Ancara da pris?o temporária dos EUA e extradi??o de Fethullah Gulen, o clérigo islamico exilado na Pensilvania, acusado pelo governo turco de planejar a tentativa fracassada de golpe no dia 15 de julho.
O presidente Erdogan também pedirá a liberta??o de Reza Zarrab, o empresário turco-iraniano, e Mehmet Hakan Atilla, vice-gerente geral do estado turco Halk Bank, ambos em julgamento nos EUA por violarem as san??es ao Ir?.
Zarrap, que tem cidadania iraniana e turca, é acusado de lavagem de dinheiro e de violar embargos. O governo turco pede que Zarrab seja liberado a Turquia, já que é um cidad?o turco.
Os analistas n?o esperam um progresso notável na reuni?o de Erdogan e Trump.
"Todos os sinais s?o de que esta n?o será uma conversa fácil," afirmou Semih Idiz, um colunista da Hurriyet Daily News.
"Washington, por outro lado, deixou bem claro que as demandas turcas s?o improváveis de serem atendidas porque os Estados Unidos têm posi??es firmes ou obstáculos que n?o podem superar, o que torna muito difícil agradar a Ancara," disse Idiz.
