Por Andreia Carvalho e Rita Zhang
De visita a Beijing, Fernando Medina, presidente da Camara de Lisboa, reuniu-se com os jornalistas na Embaixada de Portugal, antes da sua partida para Hangzhou, onde participará na reuni?o do Bureau Executivo da CGLU (Cidades e Governos Locais Unidos).
Aos jornalistas, Medina revelou que a visita à China tem dois propósitos, sendo eles o aprofundamento da rela??o bilateral com Beijing e a participa??o na reuni?o da Rede Mundial de Cidades da CGLU
Ele denotou que as rela??es entre Portugal e China s?o fortes e que a sua importancia tem aumentado ao longo dos anos, quer através de momentos políticos importantes — como a visita do antigo Presidente Cavaco Silva, e o atual primeiro-ministro António Costa —, quer com o dinamismo do investimento estrangeiro da China em Portugal e o esfor?o das empresas portuguesas em refor?ar a sua presen?a no mercado chinês.
“Há um sentimento partilhado de que estamos a abrir um novo momento de novas oportunidades, na medida em que a China tem afirmado com muita clareza uma política de abertura”, asseverou.
Após reunir com o presidente e vereadores da camara de Beijing, no dia 4, Medina afirmou que foi possível “assinalar muitas convergências importantes do ponto de vista político”, assinalando também que 2017 marca o 10o aniversário do Acordo de Amizade entre Lisboa e Beijing.
“Tal como Lisboa, Beijing está empenhada no combate às altera??es climáticas e na melhoria das condi??es de vida, visando o desenvolvimento urbano sustentável. Claro que as diferen?as s?o muitas, come?ando pela escala entre Beijing e Lisboa, mas do ponto de vista do próprio tipo de solu??es, elas acabam por ser semelhantes”, disse.
Medina revelou também que, durante a reuni?o com os líderes de Beijing, houve espa?o para serem discutidas as rela??es de ambito cultural. Em 2019, relembrou, “celebram-se os 40 anos das rela??es diplomáticas entre Portugal e China assim como os 20 anos da passagem de Macau”, acrescentando a vontade de Lisboa e do país em “fazer desse um ano particular a nível do estreitamento e da visibilidade das rela??es sino-lusófonas”.
Com a ajuda do voo direto entre Beijing e Lisboa, um maior investimento está também a ser direcionado para o turismo, revelando a “consciência das várias oportunidades” que o voo acarreta. “Por isso estamos a trabalhar no turismo de Lisboa com intensidade pois, no fundo, é um elemento importante no estreitamento das rela??es”.
Salientando o sucesso do investimento no compromisso às altera??es climáticas em Beijing, Medina destacou que o que está a ser feito na capital chinesa “é importante para toda a humanidade. As altera??es climáticas n?o s?o um problema que se joga num país ou numa cidade, e ninguém o vence sozinho. A atmosfera n?o conhece fronteiras”.
Referindo o tratado de Quioto, celebrado há 15 anos atrás, no qual se discutiu a posi??o dos países face ao seu compromisso do ponto de vista ambiental, este é agora desafiado pela China, que “quer assumir uma posi??o de lideran?a e n?o tem dúvidas do caminho a seguir”.
O tema das altera??es climáticas será amplamente discutido na reuni?o do Bureau Executivo da CGLU.
“O tema das altera??es climáticas sempre foi tratado como um tema do futuro, algo que temos que prevenir. A verdade é que é um tema do presente. As altera??es climáticas já est?o a ter efeito nas cidades e nos países”, e nesse sentido “temos muito a aprender uns com os outros. As políticas s?o muito partilhadas. A grande diferen?a é o ponto de partida, a dimens?o e depois a forma e os instrumentos concretos utilizados”.
Medina destacou ainda áreas como tratamento e reutiliza??o de água, mobilidade elétrica e meios suaves, eficiência energética dos edifícios, redu??o do impacto da circula??o automóvel das emiss?es de carbono, os objetivos de neutralidade das emiss?es e inova??o, que merecem ser discutidas entre os líderes.
Referindo ainda a Iniciativa do Cintur?o e Rota, o presidente reiterou que é “inequívoco o interesse de Portugal em participar na iniciativa e no seu objetivo geral”.
O compromisso de investimentos estratégicos da nova rota da seda é “emblemático da atitude de abertura da China, de querer apostar em criar as condi??es de infraestrutura para um mundo mais interligado mais global, participado, integrado a nível cultural e do ponto de vista da partilha”, afirmou.
Medina segue de Beijing para Hangzhou para participar na reuni?o, a ter início na quinta-feira, durante a qual será também discutido o “aprofundamento do estreitamento da rela??o com a ONU, assim como o reconhecimento da CGLU como órg?o de participa??o e consulta nas matérias de natureza urbana”, informou.