“O unilateralismo e as guerras comerciais prejudicam todos, n?o beneficiam ninguém, despoletam conflitos mais graves e têm um impacto negativo”, disse Han Zheng, vice-primeiro-ministro chinês, no domingo, durante o Fórum de Desenvolvimento da China, em Beijing, numa altura que as duas maiores economias do globo se vêm envolvidas em uma crescente disputa comercial.

“A reado??o do protecionismo comercial n?o leva a lugar algum”, disse Han, durante um discurso na cerim?nia de abertura do fórum, na presen?a de oficiais governamentais, líderes de negócios e economistas de prestígio.

As suas declara??es reafirmaram a postura chinesa contra uma guerra comercial com os EUA, embora Donald Trump tenha vindo a demonstrar interesse em lan?ar um conflito comercial pessoal contra a China.

Na sexta-feira de manh? (hora de Beijing), a administra??o Trump anunciou planos para atingir a China com até 60 bilh?es de dólares por ano em novas tarifas às importa??es chinesas.

Durante uma conversa telef?nica com o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, no sábado de manh?, o vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, exortou a que fossem feitos esfor?os conjuntos no sentido de manter a estabilidade dos la?os comerciais sino-americanos.

Mnuchin informou o lado chinês sobre os últimos desenvolvimentos do relatório de investiga??o da Sec??o 301, emitido pelos EUA. Liu analisou que o relatório viola as regras do comércio global e p?e em causa os interesses da China, dos EUA e de todo o mundo.

A China, segundo Liu, tem a capacidade e está pronta para assegurar os seus interesses nacionais, e espera que ambas as partes se mantenham racionais e trabalhem juntas em prol da estabilidade geral das suas rela??es econ?micas e comerciais.

Ambas as partes concordaram em manter o contacto em torno da quest?o.

Uma guerra comercial que contrarie a tendência de globaliza??o foi também mal recebida por executivos de negócios e pelos economistas.

Durante o seu discurso no sábado, o vice-presidente do fórum deste ano, Tim Cook, CEO da Apple, defendeu o livre comércio.

“Países que abracem a abertura, o comércio, a diversidade s?o os países com um desempenho excecional”, disse Cook, urgindo a que o comércio sino-americano fosse gerido de forma ponderada.

Existe ainda a esperan?a de que as tens?es comerciais entre as duas maiores economias do mundo possam ser reduzidas, segundo os observadores de mercado.

“A China é ótima a arranjar consensos, e penso que será possível evitar uma guerra comercial”, disse Frank-Jürgen Richter, um participante do fórum.

Prote??o dos direitos de propriedade intelectual na China

Durante uma sess?o do fórum, no domingo à tarde, o vice ministro do Comércio, Wang Shouwen, disse que os esfor?os levados a cabo pelo governo chinês têm surtido efeitos que beneficiam os detentores de propriedade intelectual (PI) estrangeiros.

O país canalizou 28.6 bilh?es de dólares em pagamentos para detentores de PI estrangeiros em 2017, de acordo com Wang, que acrescentou que o sistema atual ainda n?o é perfeito, sendo que deverá ser sujeito a mais melhoramentos no futuro.

Wang expressou o seu desejo de que “a China e os EUA possam sentar-se e tentar resolver suas disputas no enquadramento da OMC”.

A ausência de um consenso, n?o significa, contudo, que a China permane?a passiva.

“A China n?o irá ceder a press?es americanas”, disse Richter. Beijing deve tentar “tornar a press?o numa for?a positiva. A China é um garante de um sistema internacional baseado em regras, e deve demonstrar aos EUA que está jogando de acordo com estas”, acrescentou.

Em resposta às tarifas apresentadas por Trump, o Ministério do Comércio anunciou na sexta-feira uma lista avaliada em 3 bilh?es de dólares, das frutas à carne de porco, ao alumínio reciclado, que poder?o ser sujeitos a tarifas mais altas.

Wei Jianguo, ex-vice-ministro do comércio anunciou no sábado que a China está também investigando produtos adicionais dos EUA que poder?o ser sujeitos a taxa??o, incluindo aeronaves e microchips.

“Beijing irá, provavelmente, impor tarifas a gr?os de soja a estados agrícolas que votaram a favor de Donald Trump”, disseram alguns economistas.

“Outras medidas de retalia??o de Beijing poder?o incluir a proibi??o de importa??es de produtos geneticamente modificados dos EUA, e o atraso em acordos de investimento assinados por Trump durante a sua última visita à China. Enfraquecer o yuan é também uma op??o em cima da mesa”.