Por Ronnie Lins

No mês passado, participei em vários eventos acadêmicos em Beijing, Shanxi e Shaanxi. Como acadêmico envolvido na pesquisa sobre quest?es chinesas, visito a China todos os anos desde 2011. Já visitei várias cidades e regi?es e tenho testemunhado mudan?as tremendas desde a reforma e abertura do país.

Os meus colegas e amigos sempre dizem que, de toda a vez que vou à China, eu vejo uma nova face do país. O progresso da minha pesquisa n?o é capaz de acompanhar as mudan?as, e esse é o sentimento comum de todos. De fato, todos os latino-americanos que visitam a China, independentemente do seu trabalho, ficam impressionados com os feitos do gigante asiático.

Na minha opini?o, a maior mudan?a nos últimos 40 anos é a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Nos últimos anos, a cada ano, dezenas de milh?es de chineses s?o retirados da pobreza. Os padr?es de qualidade de vida das pessoas têm sido continuamente melhorados, o que se reflete diretamente nas necessidades básicas: escolha de alimentos mais diversificada; cada vez mais pessoas compram carro; excurs?es domésticas e viagens ao exterior s?o também cada vez mais frequentes.

A área e popula??o do Brasil ocupam o quinto lugar no índice mundial, mas o país n?o tem ainda nenhum sistema de transporte ferroviário, tal como muitos países latino-americanos n?o têm ferrovias. é nesse sentido que me preocupo particularmente e admiro as conquistas da infraestrutura da China, especialmente a constru??o de ferrovias de alta velocidade. Os trilhos s?o rápidos, pontuais, seguros e estáveis, e apresentam superioridade perante outros veículos.

A China deixou uma impress?o profunda em mim em três aspetos. Primeiro, a seguran?a é o pré-requisito mais importante para garantir o sustento das pessoas. A China é atualmente um dos países mais seguros e um dos países com a menor taxa de assassinatos do mundo. Este sucesso deve ser atribuído ao controle efetivo do governo chinês sobre armas, bem como à melhoria contínua do sistema de preven??o e controle da previdência social.

Em segundo lugar, os benefícios que a reforma e abertura da China trouxeram ao mundo. O Brasil está também beneficiando dessa política. A China n?o é apenas o maior parceiro comercial do Brasil, mas é também o maior investidor.

No início deste ano, a empresa de transportes compartilhados “99” foi adquirida por uma empresa chinesa. Após vários meses de adapta??o e desenvolvimento, o número de passageiros passou de 400 mil, em abril, para os atuais 800 mil, resolvendo o problema de empregabilidade de 300 mil motoristas.

Por último, a China e os chineses s?o cada vez mais reconhecidos no Brasil. Os funcionários chineses no Brasil nos ensinam diariamente sobre os resultados do seu trabalho diligente. O estabelecimento de 10 Institutos Confúcio e os vários intercambios culturais também nos permitiram ter uma maior compreens?o da longa história e da vasta cultura da China. As conquistas da constru??o do Cintur?o e Rota devolveram a esperan?a a muitos brasileiros. Invejamos a velocidade do crescimento da China, mas também ansiamos pelo rápido desenvolvimento do país, esperando fortalecer a coopera??o bilateral em infraestrutura, tecnologia, equipamentos e treinamento de pessoal.

N?o importa o quanto a situa??o política no Brasil mude, sempre reconheceremos que a China é um parceiro confiável do país. As vantagens do Brasil e da China s?o complementares por natureza.

Na verdade, estamos ansiosos por entender melhor a China. Atualmente, os Institutos Confúcio s?o ainda escassos, estando muitos estados à espera de uma abertura. Mais e mais brasileiros est?o dispostos a vir para a China para estudar. Atividades culturais como cursos, palestras e fóruns na China est?o em constante crescimento. No Rio de janeiro, nos últimos anos, foram criados três centros de pesquisa da China e o Centro Político do BRICS, na Universidade Católica, que também tem a China como principal objeto de estudo.

A minha investiga??o centra-se no pensamento político contemporaneo chinês, em particular, na governan?a do Presidente Xi Jinping, a fim de fornecer uma referência para o Brasil. O povo chinês tem características únicas, desde objetivos claros, confian?a firme, coragem e persistência, e é por isso que acredito que a China poderá concretizar o sonho chinês.

Na verdade, todos os países devem ter sonhos e objetivos. Sem metas claras, o governo n?o terá um roteiro definido, tornando mais difícil alcan?ar o sucesso. é isso os países da América Latina devem tentar evitar no seu caminho no futuro, aprendendo com o conhecimento e experiência da China.

[Ronnie Lins é presidente do Centro China-Brasil: Pesquisa e Negócios (CCB)]