Por Yi Fan
A Rota da Seda e os descobrimentos portugueses s?o considerados pioneiros da globaliza??o, sendo que a China e Portugal s?o, deste modo, considerados os promotores deste processo.
Monumentos aos Descobrimentos Portugueses
A inclusividade e a abertura s?o características comuns das duas culturas. Ambos países mantiveram contactos um com o outro ao longo de mais de 500 anos. Os resultados dessa comunica??o beneficiaram ambos países e seus povos. Dando entrada em uma nova era, a parceria estratégica integral sino-portuguesa tem vindo continuamente a alcan?ar resultados positivos, a qual se traduz numa funda??o sólida para a coopera??o no ambito da iniciativa “Um Cintur?o, Uma Rota”.
Este ano é assinalado o 40o aniversário do estabelecimento das rela??es diplomáticas entre a China e Portugal. Durante os últimos 40 anos, as rela??es entre os dois países têm vindo a desenvolver-se de modo sólido e acelerado. Este ano comemora-se também o 20o aniversário do retorno da administra??o de Macau à China.
Os dois países demonstraram perante o mundo que a consulta e o diálogo s?o ferramentas eficientes para alcan?ar consensos e resolver quest?es legadas pela história. Em 2005, foi estabelecida uma parceria estratégica global e as rela??es bilaterais entraram numa via rápida de desenvolvimento.
Em dezembro do ano passado, o presidente chinês Xi Jinping realizou uma visita de Estado a Portugal, refor?ando o ímpeto de desenvolvimento nas rela??es bilaterais.
A frota do almirante Zheng He
No que concerne à coopera??o do “Cintur?o e Rota”, as origens do relacionamento de Portugal com a iniciativa podem ser tra?adas até ao século XV. Por essa altura, o almirante chinês Zheng He alargava os horizontes da antiga Rota da Seda Marítima, atingindo o leste da costa africana, onde depois viria a chegar Vasco da Gama, após cruzar o Cabo da Boa Esperan?a.
Durante a visita de Xi a Portugal, Portugal tornou-se um dos primeiros países europeus a assinar um documento de coopera??o com a China no ambito da iniciativa “Um Cintur?o, Uma Rota”.
Devido à sua localiza??o geográfica única, Portugal foi designado por Xi como o “ponto de interse??o entre a Rota da Seda terrestre e a Rota da Seda Marítima”. Prefigura-se que as rela??es entre os dois países sob o enquadramento da iniciativa alcancem uma situa??o favorável de promo??o mútua.
A coopera??o pragmática entre os dois países pode ser descrita como mutuamente benéfica, sendo que ambos os países retiram benefícios desta. Setores como economia, comércio, investimento, energia, oceanos, ciência e tecnologia, educa??o e turismo, todos testemunharam um crescimento. Portugal foi também o primeiro país da UE a estabelecer uma “parceria azul” com a China, a qual serviu de percurssor para um acordo firmado com a UE neste domínio. Portugal foi o primeiro país europeu no qual um grande banco local (Millenium BCP) passou a emitir cart?es UnionPay, e tornar-se-á em breve o primeiro país da zona euro a emitir títulos de dívida em RMB.
António Costa, o primeiro-ministro português, escreveu recentemente um artigo no Financial Times onde destaca que empresas portuguesas e chinesas haviam selado acordos de coopera??o para implementa??o de tecnologia 5G, deixando o apelo à Europa para n?o recorrer a arbitrariamente a pretextos de quest?es de seguran?a para barrar o investimento chinês. A coopera??o sino-portuguesa em mercados terceiros em áfrica e na América Latina está também avan?ando. O investimento estratégico de longo prazo de empresas chinesas ajudou Portugal a emergir da críse de dívida soberana, e contribuiu para o desenvolvimento económico e social do país. Ambos a China e Portugal s?o favoráveis à interconectividade entre a China e a UE, sendo que o potencial de coopera??o bilateral na iniciativa do Cintur?o e Rota é vasto.
Em termos de intercambio cultural, a China e Portugal complementam-se e podem aprender um com o outro. Os portugueses consideram que Catarina de Bragan?a, após rumar a Inglaterra para casar com Carlos II, promoveu o chá no país insular, que se viria a popularizar até aos dias de hoje. Dos Lusíadas ao Livro do Desassossego, a literatura portuguesa conta com várias marcas da cultura chinesa. Na China, a cidade histórica de Macau, onde o estilo sino-português predomina, está listada como património mundial. Chen Xiaoqing, o realizador de “Sabores da China”, elencou pratos de fus?o como a “galinha à africana” macaense como um bom exemplo de cruzamento gastronómico. Se por um lado um elevado número de treinadores portugueses de futebol se encontram na China e a prevalência dos pastéis de Belém nas ruas da China é inequívoca, em Portugal vive-se uma “febre da China”, com cada vez mais turistas chineses a visitarem o país, ilustrando o dinamismo do intercambio cultural.
O presidente Marcelo Rebelo de Sousa irá visitar a China, a convite do presidente Xi Jinping, onde participará no 2o Fórum do Cintur?o e Rota para a Coopera??o Internacional e realizará uma visita de Estado. Esta visita irá incrementar o desenvolvimento da parceria estratégica global entre a China e Portugal, na base da sua tradicional amizade de longa data.
(O autor é observador dos assuntos internacionais)