Por José Medeiros da Silva
Em agosto de 2019 ser?o celebrados os 45 anos do estabelecimento das rela??es entre a República Popular da China e a República Federativa do Brasil. Esse é um bom momento para se refletir sobre os avan?os obtidos, as dificuldades encontradas e os benefícios gerados pela consolida??o dessa parceria. Principalmente, é um momento apropriado para se pensar os próximos passos desse relacionamento, considerando-se sempre os interesses setoriais, imediatos e de longo prazo.
Passados 45 anos, facilmente se percebe o avan?o positivo dessa aproxima??o, principalmente nas áreas política e econ?mica. Numa parceria estratégica global desde 2012, há quase uma década a China tem sido o principal destino das exporta??es brasileiras e, nos anos mais recentes, o Brasil tem também se destacado como um grande receptor de investimentos chineses. Além do mais, a atua??o conjunta no grupo BRICS tem proporcionado aos principais líderes dos dois países uma oportunidade única de se reunirem frequentemente para, diretamente trocarem percep??es sobre temas de interesses específicos ou mundialmente abrangentes. Em outras palavras, esses 45 anos foram no geral positivos, principalmente porque os dois países sedimentaram um caminho de confian?a com base em atua??es concretas que resultaram em benefícios mútuos objetivamente verificáveis.
Obviamente que quanto mais profunda e complexa vai ficando essa rela??o, maiores s?o os desafios para o seu progresso. Nesse sentido, apesar dos importantes êxitos é preciso ter consciência das suas limita??es e dificuldades, pois somente assim a mesma poderá avan?ar sem turbulências e os nossos povos sentirem mais de perto os seus benefícios.
Nessa perspectiva, para que os próximos passos possam ser dados de forma segura, além da atua??o nas esferas da economia e da política é preciso se olhar com prioridade para a esfera da forma??o humana. Apesar dos avan?os nesse campo, o conhecimento mútuo entre os nossos povos é ainda muito tênue, o que, obviamente, contribui para opini?es imprecisas, superficiais e, muitas vezes, preconceituosas. Isso até mesmo quando se está bem-intencionado.
Para concluir, refor?aria apenas que é nesse legado de confian?a construído ao longo desses 45 anos que se encontra a base para que os próximos passos desse relacionamento possam ser dados com seguran?a. No entanto, para melhor dimensionar esses novos passos é preciso colocar a busca do conhecimento mútuo no centro. Somente assim, poderemos abrir nossas mentes, intensificar amistosamente o debate, buscar os benefícios convergentes e contribuirmos para um mundo humanamente mais compreensivo. Quanto maior for o desafio maior será a oportunidade de fortalecer ainda mais essa amizade. O Brasil, a China e mundo precisam.
(José Medeiros da Silva é doutor em Ciência Política pela Universidade de S?o Paulo e professor na Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang, na China.)
