Por Mauro Marques
Pelas 7 da manh? de ter?a-feira aglomeravam-se já junto dos port?es de acesso à Mercedes Benz Arena grupos de f?s, desejosos por acederem ao palco do torneio de Dota 2 mais esperado do ano.
A espera terminou quando os ponteiros do relógio caminhavam já para as 8 horas. Entre sorrisos, gargalhadas, canticos de apoio às equipas favoritas, agitando bandeirinhas e empunhando tarjas, vários entusiastas do videojogo correram em dire??o à entrada.
Com 80% da lota??o (18,000 pessoas) a arena compreendia uma massa humana digna de respeito, fazendo-se ouvir desde cedo, na pomposa cerimónia de inaugura??o, com direito a performance de orquestra, dan?arinas chinesas, com seus leques tradicionais, e um momento de percuss?o.
Seguiu-se a apresenta??o das equipas participantes e a presen?a especial em palco de Gabe Newell, um dos fundadores e CEO da Valve, a detentora do Dota 2, congratulando-se por ver o The International ser t?o entusiasticamente recebido pela China e pelos f?s locais. “Xiexie, Shanghai”(obrigado, Shanghai), disse, em mandarim, como forma de apre?o pela numerosa audiência.
O primeiro embate do dia, entre a equipa Virtus Pro (Comunidade dos Estados Independentes) e a chinesa PSG.LGD, provou que jogar em casa é uma grande ajuda.
Enquanto equipa chinesa mais promissora no torneio - justificando o interesse do atual patrocinador, o Paris Saint Germain - a entrada da PSG.LGD deixou a audiência (maioritariamente chinesa) em euforia total, numa gritaria ensurdecedora, capaz de motivar qualquer equipa, e demover os seus adversários.
As equipas chinesas corresponderam às expetativas dos f?s, que funcionaram como um jogador extra, pronunciando-se efusivamente a cada golpe desferido favorável às equipas conterraneas, colocando mais press?o sobre os adversários.
De real?ar também a presen?a dos “casters”, ou relatadores, uma das profiss?es que ganhou uma nova dimens?o com a prolifera??o dos e-sports. Muitos deles assumem, eles próprios, um papel t?o ou mais importante que os atletas.
é curioso ver como os casters chineses se deixam ao longo do jogo levar pela emo??o, pondo de parte algumas das características de maior conten??o, geralmente associadas à cultura chinesa, metralhando palavras à velocidade da luz, com tom de voz e ritmo adequados, acompanhando a importancia do acontecimento e enfeiti?ando a audiência a seu belprazer.
O mesmo se pode dizer dos estrangeiros que acrescentam, talvez, a linguagem corporal sem rédeas, os saltos, o esbracejar incontrolável, as palmadas na mesa e a cabe?a, bamboleando, ora colada à tela, ora sacudida para trás em espasmos de adrenalina pura.
Se a descri??o acima alude ao futebol e aos seus milh?es de f?s, poder-se-á dizer com justi?a que o público dos e-sports já esteve (bem) mais longe ser insignificante.
O dia terminou com três equipas chinesas, PSG.LGD, Vici Gaming e Royal Never Give Up a vencerem por 2-0, 2-1 e 1-0 respetivamente. Os Keen Gaming foram derrotados pelos Infamous Gaming, da América do Sul, por 1-0.