Washington, 10 jun (Xinhua) -- A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, pediu aos países que reconhe?am a importancia do comércio global em meio à pandemia da COVID-19 e que se protejam contra um "dramático recuo" da globaliza??o.
Observando que a desigualdade tende a aumentar após uma pandemia, a chefe do FMI disse em um evento virtual realizado na ter?a-feira pela Camara de Comércio dos EUA que "devemos colocar isso diretamente em nossa tela de radar e reconhecer a importancia do comércio global em contribuir para menores custos, maiores rendas e menores níveis de pobreza".
"Depois dessa pandemia, haveria uma tendência natural de os países se virarem para dentro para construir a seguran?a da saúde e construir opera??es mais independentes", disse Georgieva. "Mas devemos nos proteger contra um recuo dramático da globaliza??o."
Ela disse que 170 países - quase 90% do mundo - ter?o uma pior renda per capita até o final de 2020. "Nunca em nossa história vimos uma revers?o t?o tremenda de fortunas para muitos", observou.
Em meados de abril, o FMI projetou nas Perspectivas Econ?micas Globais que a economia global estava a caminho de contrair 3% em 2020. Georgieva disse em maio que o credor multilateral "muito provavelmente" cortaria ainda mais as previs?es de crescimento global, como a COVID-19 continua a varrer o mundo.
Observando que os governos implementaram medidas fiscais no valor total de US$ 9 trilh?es em todo o mundo, Georgieva disse no evento virtual que as medidas maci?as forneceram uma tábua de salva??o para muitos negócios, chamando-as de "bem direcionadas e bem pensadas".
A chefe do FMI também observou que cerca de US$ 100 bilh?es deixaram os mercados emergentes e países em desenvolvimento em mar?o em meio à pandemia da COVID-19, três vezes mais do que durante a crise financeira global.
"Mas em abril e maio - gra?as a essa inje??o maci?a de liquidez nas economias avan?adas - alguns mercados emergentes conseguiram voltar aos mercados e emitir títulos com rendimentos competitivos, com emiss?o total de cerca de US$ 77 bilh?es", disse ela, acrescentando que isso é quase 3,5 vezes a mais que nos mesmos dois meses do ano passado.
A direitora-geral do FMI disse que cerca de 75% dos países est?o se reabrindo e que agora é o momento de pensar cuidadosamente sobre o que virá a seguir.
"Acredito que devemos pensar em construir avante - e n?o em regredir - e em uma recupera??o focada em uma grande transforma??o à medida que emergimos dessa crise excepcional", disse.
"Do lado do risco, sairemos desta crise com mais dívidas, deficit mais alto e - com toda a probabilidade - maior desemprego estrutural e níveis mais altos de pobreza", disse Georgieva, pedindo aos países que pensem cuidadosamente em como mitigar esses riscos com políticas econ?micas corretas.
A crise, no entanto, também gera oportunidades em áreas como transforma??o digital, desenvolvimento verde e constru??o de sociedades mais justas, disse.