O presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, atualmente detido por soldados amotinados no campo militar de Kati, uma cidade perto de Bamaco, anunciou na noite de ter?a-feira sua renúncia e a dissolu??o da Assembleia Nacional e do governo do primeiro-ministro, Boubou Cisse.
“Decidi deixar minhas fun??es, todas as minhas fun??es a partir deste momento... Declaro a dissolu??o da Assembleia Nacional e do governo”, disse Keita em uma breve declara??o transmitida pela televis?o nacional ORTM.
"N?o desejo que sangue seja derramado para me manter no poder", disse ele, acrescentando que "n?o tinha ódio" de ninguém.
Os líderes do golpe militar disseram na quarta-feira que decretariam uma transi??o política e promoveriam elei??es dentro de um "prazo razoável".
O Comitê Nacional para a Salva??o do Povo (CNSP) “decidiu assumir a responsabilidade perante a popula??o e a história”, disse Ismael Wague, o subchefe do Estado-Maior da For?a Aérea de Mali, em uma transmiss?o de televis?o estatal.
A Comunidade Econ?mica dos Estados da áfrica Ocidental (CEDEAO), a Uni?o Africana, a Uni?o Europeia e a Organiza??o das Na??es Unidas, juntamente com a Fran?a, condenaram na tarde de ter?a-feira a deten??o de Keita por soldados amotinados do Mali e exigiram a restaura??o da ordem constitucional, afirmando que eles n?o aceitariam uma chave de for?a inconstitucional.
O secretário-geral da Organiza??o das Na??es Unidas, António Guterres, pediu na ter?a-feira a restaura??o imediata da ordem constitucional e do Estado de Direito no Mali depois que o presidente do país foi preso.
A CEDEAO emitiu um comunicado na ter?a-feira à noite, amea?ando sancionar os autores do motim.
No comunicado, a CEDEAO anunciou a sua decis?o de suspender a ades?o do Mali e pediu aos seus membros que fechassem as fronteiras e suspendessem todas as liga??es financeiras com o país.
Na manh? de ter?a-feira, foram ouvidos tiros em Kati.
Uma fonte do Ministério da Defesa disse que um oficial teria aproveitado a manifesta??o matinal para incitar os soldados à revolta.
Durante meses, a coliga??o de oposi??o Movimento 5 de Junho - Comício de For?as Patrióticas (M5-RFP) organizou manifesta??es para exigir a renúncia de Keita, acusando-o de ser o responsável pelo agravamento da situa??o de seguran?a no norte do país e pela recess?o econ?mica de Mali.
O golpe ocorreu quando o M5-RFP na ter?a-feira come?ou uma semana de "atividades contínuas" de protesto em Mali para for?ar Keita a renunciar. Keita foi eleito presidente de Mali pela primeira vez em 2013 e reeleito para outro mandato de cinco anos em 2018.
Em 2012, um golpe militar que derrubou o ex-presidente Amadou Toumani Touré poucos meses antes do fim de seu mandato, também come?ou com um motim no campo militar de Kati.