Os Estados Unidos solicitaram a dezenas de países, incluindo seus aliados e aqueles com os quais têm tratados de extradi??o bilateral, a deten??o de Meng Wanzhou, diretora financeira da gigante de telecomunica??es chinesa Huawei. Porém, apenas o Canadá concordou em fazê-lo, segundo um funcionário do Ministério das Rela??es Exteriores.
Em uma recente entrevista ao jornal canadense The Globe and Mail, Lu Kang, diretor-geral do Departamento de Assuntos da América do Norte e Oceania do ministério, reiterou que a pris?o de Meng por parte de Ottawa é um "incidente político", dizendo que o governo canadense cometeu um erro neste assunto.
Lu adiantou que muitos países receberam pedidos dos Estados Unidos para deter Meng, mas "nenhum deles seguiu essa ideia ridícula até Meng ter dado entrada no Canadá".
“Ent?o por que é que o governo canadense se tornou o único?”, inquiriu Lu.
Ele descreveu o caso de Meng como o governo dos EUA tentando usar seu poder estatal para suprimir empresas competitivas e bem-sucedidas.
"Infelizmente, o governo canadense foi o único a ajudar o governo dos Estados Unidos neste jogo sujo", disse Lu.
"Definitivamente, isto é algo que se tornou um obstáculo muito sério entre nossos dois países. O governo e o povo chineses têm o direito de preservar seus direitos legítimos".
Os la?os entre a China e o Canadá ficaram tensos desde que a polícia canadense deteve Meng em dezembro de 2018, devido ao mandado de extradi??o dos EUA. A China acusou repetidamente o Canadá de atuar como cúmplice dos EUA no incidente.
Lu disse que a decis?o errada de Ottawa de deter Meng pode trazer mais custos para o governo canadense e para as rela??es bilaterais. "Porque sem isso, há muitas áreas, há muitas oportunidades e potencial que poderíamos explorar mais. Mas devido à situa??o, n?o se reúnem as circunstancias necessárias".
"Esperamos que o governo canadense leve mais a sério essa quest?o para que se possa preparar o caminho para uma coopera??o harmoniosa entre nossos dois países", disse.
Lu rejeitou também as alega??es da chamada "diplomacia de reféns" ao falar sobre dois cidad?os canadenses - Michael Kovrig e Michael Spavor - que foram presos na China por cometerem crimes que p?em em perigo a seguran?a nacional da China.
"Tornamos público quais os artigos específicos da lei chinesa que eles violaram, tudo foi feito com transparência", disse Lu.
"Mas quando chegamos à quest?o de Meng Wanzhou, o lado canadense n?o é capaz de explicar qual o tipo de estrutura legal ela violou".
“Desde o início explicamos muito claramente que s?o duas quest?es totalmente diferentes por natureza”, disse ele.
O embaixador chinês no Canadá, Cong Peiwu, também pediu ao governo canadense para tomar a decis?o de libertar Meng o quanto antes, permitindo que ela regresse à China.
Isso ajudará os la?os bilaterais a retomar o caminho certo e também ajudará a desencadear o potencial de coopera??o entre os países, disse Cong ao falar com a mídia local.