Perante a insistência do embaixador americano em Lisboa para “fazer uma escolha entre os aliados ou a China”, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, respondeu que as decis?es cabem ao governo português.
De acordo com o Jornal Económico no dia 26 de setembro, George Glass, o embaixador americano em Portugal, declarou durante uma entrevista com o jornal Expresso que Portugal tem de ser um “aliado” dos Estados Unidos e um “parceiro económico”. Glass amea?ou também que a escolha da China em quest?es como o 5G “pode ter impacto na defesa nacional”.
O “Portuguese-American Journal” refere que uma das quest?es-chave de Glass durante a entrevista com o Expresso foi o 5G. Ele alega que os EUA esperam que Portugal n?o use nenhum equipamento 5G chinês, caso contrário, poderá p?r em risco o acordo de defesa entre os EUA e Portugal, bem como as atividades da NATO e a troca de informa??es confidenciais.
Glass referiu também o caso do projeto de expans?o do porto português de Sines. De acordo com a AFP, Glass disse esperar “sinceramente que o projeto n?o seja cedido à China”. Ele “relembrou” que o primeiro lote de gás natural enviado dos EUA para a Uni?o Europeia em 2016 passou por porto de Sines, tornando o porto um centro de seguran?a para o gás natural e energia na Europa.
O porto de Sines está localizado 150km a sul de Lisboa. é um dos portos importantes da Europa e o mais importante porto Atlantico na Península Ibérica. Em outubro de 2019, o governo português anunciou que iria investir 547 milh?es de euros para expandir o porto, e concordou em expandir o franchise à PSA International de 2029 até 2049.
A imprensa portuguesa refere também que o governo local está preparando um concurso público para um novo terminal de contentores no porto de Sines, um investimento avaliado em mais de 600 milh?es de euros.
Face aos comentários do embaixador americano, Augusto Santos Silva enfatizou: “O Governo português regista as declara??es […]. Mas o ponto fundamental é este: em Portugal, quem toma as decis?es s?o as autoridades portuguesas, que tomam as decis?es que interessam a Portugal, no quadro da Constitui??o e da lei portuguesa e das competências que a lei atribui às diferentes às diferentes autoridades relevantes”.
No que concerne à quest?o da “seguran?a nacional” do 5G e à Huawei, o ministro respondeu que Portugal tem um conjunto de critérios de avalia??o.
Quando Santos Silva recebeu o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, em dezembro do ano passado, ele disse pessoalmente que Portugal dá as boas-vindas ao investimento estrangeiro e que n?o excluía a Huawei. Em julho deste ano, 3 operadoras portuguesas anunciaram que excluiriam a Huawei da rede 5G. As autoridades portuguesas disseram que que tal decis?o n?o estava relacionada com quest?es de ambito governamental.
Na entrevista, Silva evitou ataques diretos aos Estados Unidos e enfatizou a "rela??o amigável" com o país. Quando questionado se os comentários de Glass podem ou n?o ser considerados como uma interferência nos assuntos internos de Portugal, Silva negou e reiterou a alian?a com os Estados Unidos, a OTAN e a Uni?o Europeia.