Por Yi Fan, observador de rela??es internacionais

BRICS, o bloco que reúne os principais mercados emergentes e países em desenvolvimento realizou com êxito, a sua 12a cúpula sob o tema "Parceria do BRICS para a Estabilidade Global, Seguran?a Compartilhada e Crescimento Inovador". China e Brasil mostram consonancia na sua intera??o durante a cúpula.

Pandemia e vacinas

O presidente Xi Jinping afirmou na cúpula a disposi??o da China de distribuir a vacina para os demais países do BRICS. O presidente Bolsonaro expressou no discurso, que "os países do BRICS podem desempenhar papel central nos esfor?os da supera??o da Covid-19. O Brasil busca uma vacina segura e eficaz contra o vírus", demonstrando a importancia que ele atribui à atua??o conjunta do BRICS contra a pandemia. Dois dias depois da cúpula, o avi?o que transportou 120 mil doses da vacina desenvolvida por uma empresa chinesa pousou no aeroporto Guarulhos. Já em 3 de dezembro, chegou ao Brasil 600 litros de matéria-prima da vacina, oriunda da China. O material servirá para formular vacinas no local. A colabora??o ajuda com a coes?o entre os dois países e entre os membros do BRICS.

Governan?a global

No seu discurso, Xi defendeu o sistema internacional centrado na ONU. Bolsonaro também valoriza o papel da ONU: deu um discurso muito bem-preparado na 75a Assembleia Geral em setembro, dando continuidade a uma importante praxe: todos os anos s?o os presidentes brasileiros que abrem o evento. Na cúpula, Bolsonaro destacou a reforma da Organiza??o Mundial da Saúde (OMS) e da Organiza??o Mundial do Comércio (OMC). China apoia uma reforma necessária e razoável da OMC e da OMS, como exp?em claramente as suas altas autoridades. Os países do BRICS reafirmaram juntos na Declara??o de Moscou "o compromisso com o multilateralismo" e a busca de "um sistema multilateral revigorado e reformado, incluindo a ONU, a OMC, a OMS e o FMI". China e Brasil possuem as mesmas metas, e podem promover a concretiza??o delas através de coordena??o.

Meio-ambiente

Xi advogou na cúpula que o BRICS deve "procurar o desenvolvimento verde e de baixo carbono, e promover a coexistência entre o homem e a natureza". Também anunciou que a China se esfor?ará para atingir o pico das emiss?es de CO2 antes de 2030 e a neutralidade do carbono antes de 2060.

Bolsonaro, por sua vez, reafirmou que o Brasil, um importante signatário do Acordo de Paris, está "comprometido com a??es no tocante a emiss?o de carbono". Ele também reservou um espa?o no seu discurso para apresentar as a??es do seu governo para proteger a Amaz?nia, dando uma resposta às críticas internacionais. Em outubro de 2019, Bolsonaro agradeceu publicamente a China pelo reconhecimento da soberania na Amaz?nia durante a sua visita de Estado à China, quando o Brasil foi muito criticado pelo incêndio na Amaz?nia.

Mais ainda, China e Brasil s?o membros do BASIC, bloco que reúne grandes países em desenvolvimento para enfrentar juntos as mudan?as climáticas. O meio-ambiente é um importante tema na coopera??o sino-brasileira.

Tecnologia

Tanto Xi como Bolsonaro apostam na ciência, tecnologia e inova??o. Xi anunciou o estabelecimento na China do Centro da Inova??o da Parceria do BRICS para a Nova Revolu??o Industrial (PartNIR), iniciativa que visa aprofundar a coopera??o tecnológica do BRICS. E Bolsonaro expressou o orgulho com o método da Polícia Federal de identificar se uma madeira é de Amaz?nia usando isótopo estável, tipo DNA. Os mercados emergentes têm hoje mais tecnologias que podem tornar o nosso mundo melhor. Já para n?o falar da longa tradi??o de coopera??o tecnológica entre China e Brasil, marcado pelo Programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), projeto que tem lan?ado 6 satélites desde a década de 1980s e é elogiado como "paradigma de coopera??o Sul-Sul". Temos toda a raz?o de aguardar mais frutos desta coopera??o de longa história.

Bem-estar da popula??o

Para Xi, "os membros do BRICS devem pensar mais sobre o bem-estar do povo e seguir a vis?o da comunidade de futuro compartilhado da humanidade." Bolsonaro destacou que os países do BRICS têm "o dever" de "promover o bem-estar e a prosperidade de nossos povos" e que "o trabalho desenvolvido pelo BRICS também é motor para o emprego, a renda e a seguran?a de nossos povos". é também reafirmado na Declara??o de Moscou "compromisso de aumentar ainda mais a coopera??o do BRICS ao bem-estar humano". Aprofundar a coopera??o sino-brasileira, que é sempre benéfica para os dois povos, é agora também uma concretiza??o das orienta??es dos dois chefes de Estado.

Para concluir, há muita consonancia entre China e Brasil. N?o posso omitir que há diferen?as entre os dois países - há diferen?as entre quaisquer dois países e s?o as diferen?as que fazem o nosso mundo diversificado. Mas sem dúvida, a consonancia é o aspecto principal das rela??es sino-brasileiras. China e Brasil s?o ambos importantes mercados emergentes e respectivamente o maior país em desenvolvimento oriental e ocidental, é muito natural que os dois têm muito em comum e desenvolvem uma boa coopera??o. Os dois países têm uma Parceria Estratégica Global, gozam de uma confian?a política mútua sólida e uma coopera??o produtiva que traz benefícios tangíveis aos chineses e brasileiros. Eu, quem acabou de degustar aqui em Beijing picanha e vinho brasileiro, n?o posso ser mais otimista e confiante do futuro das rela??es China-Brasil.