Exatamente um ano depois, a BBC entrevistou no dia 31 de janeiro Matt Raw, um dos primeiros britanicos evacuados de Wuhan, a regi?o outrora mais atingida pela Covid-19 na China. Ele disse que gostaria de “nunca ter apanhado aquele voo” que o levou de volta ao Reino Unido, afirmando que ficaria mais seguro e livre na China.
Matt Raw e seus familiares
Segundo o artigo da BBC do dia 31, quando Matt Raw foi instruído a "deixar Wuhan", ele levou a recomenda??o a sério. No início, o governo britanico disse que o voo era reservado a cidad?os do país. Isso significava que Raw corria o risco de deixar para trás a esposa, uma cidad? chinesa. Por isso, decidiram ficar juntos na China.
Raw disse que deixou até ferramentas perto da porta, porque queria ir ajudar a construir hospitais em Wuhan no dia seguinte.
Porém, algumas horas antes da partida do avi?o, o governo britanico anunciou que familiares com passaportes chineses poderiam acompanhar os c?njuges no voo.
Raw disse ter recebido a notícia às 4h da manh?, e o casal rapidamente "p?s algumas coisas em uma mala" e partiu para o aeroporto.
Depois de um ano, ele se arrependeu e reconhece que gostaria de "nunca ter apanhado aquele voo".
Deve se ressaltar que Raw foi entrevistado pela BBC no início de maio. Na altura, a epidemia de Wuhan estava efetivamente controlada. Ele já havia se arrependido, no entanto, disse na altura que “preferia ficar em quarentena no Reino Unido. Os vizinhos s?o todos amigáveis. Vivemos um dia de cada vez".
Mas ao ser novamente entrevistado, meio ano depois, Raw se arrepende mais, após o Reino Unido implementar o quarto nível de medidas de controle, ou seja, o confinamento domiciliar.
"O governo inglês mentiu para nós", afirmou. "Nos disseram para sair de Wuhan, 'volte para a Inglaterra, você estará seguro aqui'".
"Nós estaríamos muito mais seguros e livres se tivéssemos ficado na China. Eles agiram rápida e eficazmente e isolaram as cidades, era a coisa certa a fazer."
Depois de retornar à Inglaterra, Raw e sua família moraram em Knutsford (uma pequena cidade em Cheshire, Inglaterra). Mas ele teve imediatamente um problema de violência cibernética.
Alguns internautas acreditam que foi o primeiro voo fretado de repatria??o a trazer o novo coronavírus para o Reino Unido. Raw disse que tais acusa??es perduram até hoje.
"Há pessoas que realmente pensam assim, e isso me dói. Fizemos tudo que podíamos. Só saímos uma vez no ano passado", disse Raw, ainda arrependido da decis?o de embarcar no avi?o.
"Em Wuhan, morar em um pequeno apartamento por dois ou três meses era desconfortável, mas eles derrotaram o vírus e a vida voltou ao normal", afirmou Raw. "Quem me dera (n?o ter apanhado o avi?o), mas antes poder ir ajudar a construir o hospital (Huoshenshan). Agora, tenho a minha casa pequena e o meu pequeno lago com peixes em Cheshire, mas estamos presos aqui. é nossa pris?o".
Já se passou um ano desde que Wuhan bloqueou a cidade. A pandemia mudou profundamente a forma como muitos chineses veem o mundo, expondo a fragilidade dos sistemas e formas de pensar em certos países ocidentais que apregoavam a "democracia e liberdade".
Ao apertar o bot?o stop em uma cidade com uma popula??o de mais de 10 milh?es, Wuhan fez um enorme sacrifício e efetivamente atrasou a propaga??o da epidemia. O que deixa as pessoas desiludidas é que a cidade foi primeiro "estigmatizada" e depois considerada pela mídia estrangeira como uma "janela" de "propaganda política" do governo chinês. Isso, contudo, n?o impede que o sorriso retorne aos rostos dos cidad?os de Wuhan.