Por Beatriz Cunha, Renato Lu e Fátima Fu
A China foi o primeiro país a identificar e alertar o mundo sobre a Covid-19, quando se tratava ainda de uma doen?a desconhecida. Wuhan, que foi o primeiro epicentro da doen?a causada pelo novo coronavírus, estreou na batalha contra a doen?a.
Após métodos acertivos de higiene sanitária, a cidade praticamente voltou ao normal.
Recentemente, o programa de notícias da Globo, Fantástico, mostrou a cidade através de uma visita virtual, que contou com a recep??o do empresário brasileiro José Renato Peneluppi Jr.
Em entrevista exclusiva ao Diário do Povo Online, Renato nos conta em mais detalhes sobre sua experiência com a China, em especial com a cidade de Wuhan.
Renato veio para a China em 2010 para realizar seu mestrado em Administra??o Pública na Universidade de Ciência e Tecnologia de Huanzhong, em Wuhan (HUST, na sigla em inglês). Ele participou do projeto China- Instituto UE para Energia Limpa e Renovável (ICARE, na sigla em inglês), voltado para a transferência de tecnologia de energia do governo europeu para a China.
Após concluir o mestrado em 2013, já no Brasil, auxiliou a conex?o entre a Universidade Federal de Minas Gerais do Brasil (UFMG) e a HUST, a parceria entre as duas universidades resultou no estabelecimento do Instituto Confúcio na UFMG.
Questionado sobre sua imprens?o sobre a cidade, Renato destaca que a mesma possui “um logo fantástico: Wuhan todo dia diferente”. Ele diz que a cidade sempre fez juz ao logo: “sempre uma esta??o de metr? nova, sempre uma rua nova, um prédio novo. é uma cidade que cresce de forma muito vertiginosa, muito rápida, e o padr?o de vida, a riqueza e a fartura aqui s?o sempre muito grandes”.
Para ele, com os Jogos Olímpicos Militares, Wuhan se abriu para o mundo, que passou a conhecer a cidade em outubro de 2019. Foi em dezembro do mesmo ano que surgiu o surto do novo coronavírus, que na época as pessoas pensaram se tratar da síndrome respiratória aguda grave (SARS, na sigla em inglês), que havia impactado o país em 2003.
Renato estava de férias no Oriente Médio entre dezembro de 2019 e janeiro de 2020, ele lembra que ao retornar para Wuhan, mesmo no início da descoberta da doen?a, as informa??es sobre os riscos e os cuidados já eram amplamente divulgadas.
Zhong Nanshan, médico de referência no país, acompanhou as primeiras investiga??es de perto, relembra ele. Na ocasi?o, “havia uma condi??o muito drástica na saúde da cidade”. No dia 20 de janeiro de 2020 o governo emitiu aviso de que a doen?a é transmissível entre pessoas, ent?o ele foi para Bielo-Rússia.
“Me impressionou muito como em Wuhan, a popula??o se uniu, se mobilizou e colaborou com o processo, que teve uma participa??o de todos na educa??o comum”, disse ele, acrescentando que além de haver uma educa??o civil, todos foram muito bem informados. Ao todo o governo emitiu à popula??o doze cartas no momento e nos dias que se seguiram ao bloqueio da cidade.
Após 10 meses longe, Renato retorna para a China em outubro de 2020, realiza sua quarentena em Tianjin e, em 1o de novembro retorna à cidade de Wuhan.
Em menos de um ano a sua percep??o foi de que a cidade ficou muito mais moderna, a vida ficou mais dinamica, o uso das tecnologias ficou mais intenso e as pessoas ficaram mais educadas, receptivas e carinhosas.
Em toda a China as pessoas n?o saem de casa sem máscaras, e em Wuhan n?o é diferente. “Hoje n?o há mais lei exigindo o uso de máscara, mesmo assim as pessoas seguem utilizando, além do QR code em todas as partes”, relatou ele.
Renato avalia que o trabalho de preven??o de epidemias na China segue “uma ética e uma seguran?a sanitária” muito grande. As pessoas tem contato mínimo umas com as outras, n?o é mais necessário tocar no dinheiro em espécie, já que basicamente tudo está digital.
“Mesmo já n?o tendo mais o vírus, praticamente, aqui (Wuhan) e no país como um todo, as pessoas seguem muito atentas, muito conectadas com essa quest?o da seguran?a sanitária”, destacou ele.
O empresário acredita que o Brasil e a China realizam uma troca interessante. Ele destaca que o lema da bandeira brasileira, “Ordem e Progresso” vem sendo utilizado na prática pela China, que está demonstrando que “ esses princípios s?o muito válidos, eles tem realmente base positiva para avan?ar como civiliza??o”, diz ele.
Questionado sobre a raz?o para a China conseguir controlar bem a epidemia o empresário apontou quatro fatores: a prioriza??o da vida, a tomada de decis?o com base na ciência, a educa??o e mobiliza??o social, e o uso abrangente das tecnologias.
“Como o presidente Xi Jinping bem declarou: é uma guerra popular, está todo mundo mobilizado, está todo mundo devotado à essa luta, mas se os demais países n?o vencerem, a China tem que ficar na resistência lutando”, afirmou ele, parafraseando o presidente chinês.