Por Christopher Tang
Os crimes de ódio contra asiáticos nos Estados Unidos aumentaram 150% no ano passado e esse número segue aumentando este ano. Para combater os crimes de ódio como um grupo minoritário que representa 6,5% da popula??o dos EUA, as comunidades ásio-americanas devem criar uma frente unida e visível que deve ser articulada, mas n?o provocativa.
Pessoas participam de um protesto para exigir o fim da violência anti-asiática na cidade de Nova York em 4 de abril de 2021.
O atual governo dos EUA respondeu de imediato após o assassinato de seis mulheres de ascendência asiática na Geórgia, quando o presidente dos EUA, Joe Biden, ordenou que fossem hasteadas bandeiras a meio mastro, visitou a Geórgia, falou com os familiares das vítimas e condenou crimes contra asiáticos.
No entanto, é improvável que o combate aos crimes de ódio contra asiáticos ocupe a maior parte da aten??o de Biden, devido a uma variedade de quest?es preocupantes.
Ent?o, o que os ásio-americanos devem fazer? Para criar uma mudan?a sistêmica, os ásio-americanos devem primeiro mudar a si mesmos.
Em primeiro lugar, estando unidos. Se os ásio-americanos deixarem de lado suas diferen?as e se apresentarem aos n?o asiáticos como um grupo unido, a visibilidade como um grupo será mais significativa. Os números s?o importantes.
Como os ásio-americanos s?o um grupo altamente diverso, com cerca de 50 subgrupos étnicos, incluindo chinês, indiano, filipino, japonês, coreano e tailandês, a representatividade de cada subgrupo étnico é muito pequena. Mesmo sendo o maior grupo étnico de ásio-americanos com 5 milh?es de pessoas, os chinês-americanos se sentem invisíveis nos Estados Unidos. Apesar dos imigrantes chineses que ajudaram a construir a primeira ferrovia transcontinental dos EUA há mais de 150 anos, os sino-americanos e outros grupos étnicos asiáticos s?o tratados como "estrangeiros perpétuos".
No entanto, se os asio-americanos puderem se unir como um grupo de 15,5 milh?es de pessoas nos Estados Unidos, tanto sua presen?a quanto uma voz unida ser?o notáveis e a campanha contra o racismo e a discrimina??o terá maior peso. Afinal, o termo ásio-americano foi cunhado por Emma Gee e Yuji Ichioka em 1968 justamente para esse fim. Unidos resistimos, divididos fracassamos.
Em segundo lugar, é importante dismistificar os estereótipos. Pessoas de ascendência asiática nos Estados Unidos tendem a ser homogeneizadas pela descri??o estereotipada de que "todos os asiáticos s?o parecidos", embora diferentes grupos étnicos tenham línguas, culturas, heran?as e vis?es religiosas e políticas diversificadas.
Por muito tempo, a percep??o comum dos homens asiáticos como "emasculados, fracos e afeminados" e das mulheres asiáticas como "submissas e exóticas" criou quest?es relacionadas à ra?a. Muitas vezes, os ásio-americanos s?o vistos como presas fáceis para crimes como assalto porque s?o considerados menos propensos a resistir ou relatar tais incidentes, e as mulheres asiáticas experimentam um índice mais alto de violência física, incluindo a sexual.
Além disso, a recente onda de ataques contra asiáticos foi quase certamente desencadeada pelo ex-presidente Donald Trump usando descri??es depreciativas da Covid-19 e acusando falsamente a China por inúmeras raz?es.
O estereótipo do "modelo minoritário" de que os americanos de origem asiática "n?o enfrentam discrimina??o séria" também precisa ser desmascarado. Esse mito pode criar uma barreira racial entre os ásio-americanos e os afro-americanos, colocando esses dois grupos minoritários um contra o outro. Desmascarando esse mito, os ásio-americanos podem fortalecer a solidariedade com outras minorias.
Terceiro, a??es conjuntas s?o necessárias. Como um grupo unido, os ásio-americanos devem relatar todos os incidentes de ódio às autoridades e ao stopaapihate.org.
Além disso, os ásio-americanos podem servir à comunidade em geral com amor e cuidado, oferecendo-se para ajudar os idosos e os pobres em locais como bancos de alimentos locais e centros comunitários.
Lutar contra o preconceito é uma longa batalha, mas a uni?o entre os ásio-americanos e os esfor?os para se comportar como membros íntegros da sociedade em geral é um primeiro passo positivo determinante para o resultado final.
O autor é um professor ilustre da Escola de Administra??o Anderson da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.