O desmatamento da floresta amaz?nica e sua transforma??o em uma vegeta??o típica de savana, junto com as mudan?as climáticas, podem por em risco cerca de 12 milh?es de pessoas devido ao calor extremo, segundo o primeiro estudo dos impactos combinados de desmatamento e mudan?as no clima na saúde humana divulgado nesta sexta-feira.
Realizado por pesquisadores da Funda??o Oswaldo Cruz (Fiocruz), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Instituto de Estudos Avan?ados da Universidade de S?o Paulo (IEA/USP), o estudo alertou sobre as consequências fatais do desmatamento e das mudan?as climáticas para os humanos, principalmente em regi?es onde existem popula??es vulneráveis.
O principal risco é de uma exposi??o e estresse por calor, situa??o na qual as condi??es ambientais n?o s?o favoráveis para que o homem possa manter sua temperatura corporal.
"Quando temos um ambiente com alta temperatura e também com alta umidade do ar, nosso corpo tem mais dificuldade de troca de calor com o meio externo e isso, em algumas situa??es, pode ser fatal. No nosso estudo, mostramos que, com a savaniza??o da floresta amaz?nica, que é traduzida aqui pela substitui??o da floresta por uma vegeta??o do tipo savana, potencializa esse risco de exposi??o a estresse por calor", explicou Beatriz Alves, uma das autoras do estudo.
Segundo a pesquisadora, tais efeitos ser?o sentidos na regi?o amaz?nica e a regi?o norte do Brasil, que têm baixa capacidade de resiliência e alta vulnerabilidade social. Dos 5.565 municípios brasileiros, 16% deles com uma popula??o total de 30 milh?es de pessoas, sofrer?o impactos por estresse térmico com a savaniza??o da Amaz?nia.
O estudo apontou que existe um limite de desmatamento na Amaz?nia que impactará na sobrevivência da espécie humana. Esse limite é acompanhado por um "efeito extremo na saúde" que deixará cerca de 12 milh?es de pessoas da regi?o norte do Brasil expostas ao risco de estresse térmico, até 2100, quando ser?o atingidos os limites de adapta??o fisiológica do corpo humano devido ao desmatamento.
Para os pesquisadores, quando há uma alta exposi??o à temperatura e humidade, as capacidades de resfriamento do corpo humano baixam, provocando um aumento da temperatura corporal que pode causar desidrata??o e exaust?o e, em casos mais graves, o colapso das fun??es vitais, causando a morte.
Para reverter a situa??o, os autores pediram um entendimento global para frear a mudan?a climática e mais políticas públicas no Brasil para frear o desmatamento da floresta amaz?nica.