Por M. Marques, Zhang Rong

Pedro Farromba, líder da delega??o portuguesa nos Jogos Olímpicos de Inverno de Beijing 2022, compareceu a uma conferência de imprensa online à comunica??o social chinesa, onde abordou os preparativos e expectativas da participa??o lusa no evento internacional.
Com uma aposta cada vez maior nos desportos de inverno, sustentada pela presen?a constante nas últimas edi??es das Olimpíadas de Inverno (5a edi??o consecutiva), Farromba disse ao Diário do Povo Online que Portugal tem atualmente 9 atletas em condi??es de se poderem classificar, sendo a expectativa "podermos levar entre 5 a 6 atletas", o que, a verificar-se, seria um aumento determinante face ao passado, em que a presen?a portuguesa se cingiu a um máximo de 2 atletas.
O interesse pelos desportos de inverno junto do público geral, refere, "tem sido um processo evolutivo", justificado pela voca??o natural do país "para o mar, para o sol, para o futebol. As modalidades que n?o est?o diretamente ligadas ao futebol têm uma dificuldade, sempre crescente, quer de atletas, quer de visibilidade junto da comunica??o social". Essa combina??o de fatores, reflete-se amiúde na falta de apoios das entidades que gerem o desporto em Portugal, acrescenta.
Apesar das contrariedades, o líder da comitiva salienta que se trata da 3a vez que Portugal se apresenta com uma comiss?o olímpica financiada pelo Comité Olímpico e pelo estado português.
Portugal, refere, em termos desportivos, está ainda "numa fase em que temos que separar o que é o gelo, do que é a neve", na qual os últimos apresentam uma maior consolida??o face aos primeiros. A fórmula para reverter a situa??o recai na promo??o "junto das escolas, da comunidade escolar e estamos neste momento a terminar a pista de gelo, propriedade da federa??o, onde aí acreditamos que o desenvolvimento vai ser grande", assevera, aludindo ao gosto endémico por algumas das modalidades do gelo e do seu maior "glamour".
O caminho até Beijing, n?o foi, todavia, livre de contratempos. A pandemia "congelou" figurativamente o mundo e, Portugal, embora assuma agora a dianteira mundial na percentagem de popula??o vacinada, o que "dá algum conforto para podermos agora viajar e participar em provas", n?o saiu incólume.
"Foram muitos os desafios. Desde a impossibilidade deles [os atletas] poderem competir, que é sempre um desafio significativo, até à quest?o do treino. Nós organizamos treinos online com muita prepara??o física durante o período da pandemia. Organizamos, também, várias vezes a possibilidade dos nossos atletas poderem ir onde era possível, com as restri??es que existiam", relembra.
O clima de incerteza perdura, prossegue Farromba, indicando que "n?o sabemos se temos que comprar 20 equipamentos, se temos de comprar 10 equipamentos e, portanto, até aqui, logisticamente, é diferente". Nem imagino, do ponto de vista do comité organizador, n?o saber se vai ter 2000 pessoas ou 1000 pessoas", exclama.
Relativamente ao país anfitri?o desta edi??o dos JOI, o inquirido aludiu aos esfor?os chineses no desenvolvimento transversal de modalidades no plano internacional. "Em pouco tempo, seguramente, a China será uma das potências desportivas nos desportos de inverno", afirma.
O cancelamento da participa??o da parte de alguns países por motiva??es políticas foi algo que Pedro Farromba desvalorizou, argumentando que "os Jogos Olímpicos s?o sobre desporto e sobre o encontro de atletas, sobre a competi??o saudável, sobre uma forma positiva de ver o mundo, sobre a valoriza??o dos ideais olímpicos, sobre a amizade, n?o s?o sobre política".
"Sabemos que a China vai fazer um esfor?o muito grande para poder dotar os atletas das melhores condi??es para poderem competir, para poder mostrar ao mundo um conjunto de instala??es desportivas que s?o do melhor que existe à data. Para poder, também, mostrar que é um país em franco desenvolvimento económico, social, desportivo, tecnológico e, portanto, tenho uma esperan?a muito grande de que v?o ser uns Jogos Olímpicos muito positivos para todas as equipas participantes", concluiu.