Menos transporte rodoviário reduz as descargas; eletricidade mais verde pode contribuir ainda mais

A rede ferroviária de alta velocidade da China levou a uma redu??o significativa nas emiss?es de gases de efeito estufa, segundo um estudo recente.

Publicado na revista Nature Climate Change no mês passado, o estudo foi realizado por pesquisadores de Singapura, Hong Kong e continente chinês.

A pesquisa averiguou que a conex?o ferroviária de alta velocidade levou a uma redu??o anual de quase 11,2 milh?es de toneladas métricas de emiss?es de gases de efeito estufa, substituindo o tráfego rodoviário, equivalente a 1,33 por cento das emiss?es no setor de transportes da China.

Os pesquisadores explicaram que a mitiga??o proveio de mais carga sendo trocada para trens de velocidade regular mais verdes em vez de estradas. Com o desenvolvimento da malha ferroviária de alta velocidade, os passageiros têm mais op??es e optam pelos trens-bala, o que abre espa?o a trens mais lentos para o embarque de cargas.

A pesquisa aferiu também que a Ferrovia de Alta Velocidade Beijing-Shanghai - uma das linhas ferroviárias de alta velocidade mais movimentadas da China e inaugurada em 2011 - levou à redu??o geral de emiss?es de 2,39 milh?es de toneladas por ano em média.

O estudo apurou ainda que a atual rede ferroviária de alta velocidade movida a eletricidade na China produz mais emiss?es do que carros, já que a produ??o de eletricidade no país depende em grande medida do carv?o.

Os pesquisadores sugerem, porém, "que em condi??es de eletricidade mais verde, a substitui??o direta do fluxo de passageiros por trens de alta velocidade pode contribuir positivamente para a redu??o das emiss?es".

"Se fornecida por uma rede elétrica dominada por energia limpa, como nuclear, hídrica ou eólica, a ferrovia de alta velocidade na China poderá contribuir substancialmente para a redu??o das emiss?es totais do setor de transporte, especialmente por meio do canal direto de substitui??o do tráfego de passageiros rodoviários", afirmaram os pesquisadores.

Os pesquisadores usaram dados sobre o tráfego anual de passageiros e cargas em mais de 4.000 segmentos da rede rodoviária nacional de 2009 a 2016.

Ao mesmo tempo, a rede ferroviária de alta velocidade da China atravessou um rápido desenvolvimento. Desde a primeira ferrovia de alta velocidade da China － a Ferrovia Intercity Beijing-Tianjin com uma velocidade projetada de 350 quil?metros por hora － inaugurada em 2008, o país construiu uma rede ferroviária de alta velocidade que se estende por 38.000 km, respondendo por 69 por cento da rede ferroviária de alta velocidade no mundo.

Quase 6,5 milh?es de viagens de passageiros foram realizadas por dia pela rede ferroviária de alta velocidade em 2019, enquanto o número era de 350.000 em 2008. No ano passado, 3,58 bilh?es de toneladas de carga foram transportadas por via ferroviária, 920 milh?es de toneladas a mais do que em 2016.

"A substitui??o entre o tráfego ferroviário e rodoviário de alta velocidade deve ter implica??es ambientais nas emiss?es de carbono, uma vez que os fatores de emiss?o dos veículos ferroviários e rodoviários de alta velocidade s?o diferentes", disse o autor do estudo, Qin Yu, professor associado da Escola de Negócios da Universidade Nacional de Singapura, através de e-mail, explicando o motivo do estudo.

Nascido e criado em uma família com pai engenheiro ferroviário em Beijing, Qin desenvolveu la?os fortes com ferrovias e trens ainda jovem. Tendo testemunhado o fascinante desenvolvimento da rede ferroviária de alta velocidade da China enquanto fazia o mestrado e doutorado nos Estados Unidos, ela come?ou a estudar o impacto econ?mico dos trens de alta velocidade na China.

A China está determinada a atingir a neutralidade de carbono antes de 2060 e o setor de transporte desempenhará um papel importante para ajudar a atingir essa meta.

Dados das Na??es Unidas mostraram que o transporte é um dos maiores contribuintes individuais para a polui??o do ar e para as emiss?es de carbono em todo o mundo, ao mesmo tempo que é responsável por cerca de 64% do consumo total de petróleo e 27% de todo o uso de energia.

Qin disse que é uma grande oportunidade para descarbonizar ainda mais o setor ferroviário, em consonancia com a estratégia da China de adotar mais recursos de energia renovável, pois a eletricidade se tornará muito mais verde com a agenda de neutralidade de carbono.

“Se a China pudesse alcan?ar uma estrutura de eletricidade mais verde, como a Fran?a, Canadá ou Dinamarca, a redu??o das emiss?es nas ferrovias de alta velocidade poderia até dobrar”, escreveu no e-mail.

Lu Dongfu, chefe do China State Railway Group, disse em uma entrevista em mar?o que quase 75 por cento das ferrovias do país s?o movidas a eletricidade. O consumo de combustível da rede ferroviária caiu para 2,31 milh?es de toneladas por ano, ante 5,83 milh?es de toneladas em 1985.

A China Railway Design, uma das principais empresas de design ferroviário, realizou a inova??o tecnológica e integra??o em ferrovias de alta velocidade, constru??o de infraestruturas e novas energias.

Os sistemas de gera??o de energia solar foram estabelecidos nas esta??es de trem de Xiong'an e Fengtai para apoiar suas opera??es, reduzir custos e mitigar as emiss?es de dióxido de carbono.