O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que os EUA intervir?o militarmente se a parte continental da China "invadir" Taiwan, durante uma coletiva de imprensa em Tóquio, na segunda-feira. A Casa Branca e o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, disseram mais tarde que os comentários de Biden n?o refletiam uma mudan?a de política dos EUA.
A China reagiu às alega??es de Biden. O porta-voz do Ministério das Rela??es Exteriores da China, Wang Wenbin, disse que "a China n?o tem margem para compromissos ou concess?es" em quest?es relacionadas à soberania e integridade territorial da China e outros interesses essenciais.
Nenhuma potência, incluindo os EUA, pode parar o ritmo do povo chinês em dire??o à reunifica??o ou alterar o destino fracassado das for?as da "independência de Taiwan", alertou Wang na ter?a-feira.
"Os EUA causar?o consequências irrecuperáveis em suas rela??es com a China e, em última análise, pagar?o um pre?o insuportável se seguirem o caminho errado", acrescentou Wang.
Logo após os comentários de Biden, o ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger disse no Fórum Econ?mico Mundial que os EUA n?o deveriam, por subterfúgio ou por um processo gradual, desenvolver uma solu??o de "duas Chinas".
Desde que Biden assumiu o cargo, seu governo alterou gradualmente a tática de "ambiguidade estratégica" que seus antecessores usavam para lidar com assuntos relacionados a Taiwan, segundo declara??es de especialistas em rela??es internacionais ao Diário do Povo.
O jogo narrativo do governo Biden está tentando redefinir a política de "Uma só China", o que, na realidade, corrói seu compromisso com a China, disse Wang Yiwei, professor da Escola de Estudos Internacionais da Universidade Renmin da China.
A ambiguidade está diminuindo, já que os EUA est?o esvaziando o princípio de "Uma só China" vendendo mais armas para Taiwan e fazendo garantias mais fortes para a presen?a internacional da ilha, disse Sun Chenghao, membro do Centro de Seguran?a e Estratégia Internacional da Universidade de Tsinghua.
O Departamento de Estado dos EUA atualizou recentemente a ficha técnica de Taiwan exibida em seu site. Foram removidas men??es tanto para n?o apoiar a independência de Taiwan, como o reconhecimento da posi??o de que Taiwan faz parte da China.
Quer as mudan?as no site sobre Taiwan quer os comentários de Biden em Tóquio sejam uma "gafe" ou n?o, s?o sinais que indicam que os EUA est?o tentando refor?ar a estratégia de usar a "carta de Taiwan" para conter a China, disse Sheng Jiuyuan, diretor executivo do Centro de Estudos de Taiwan na Academia de Ciências Sociais de Shanghai.
O governo Biden pretende testar a rea??o e os limites do continente, enviando sinais controversos sobre a quest?o de Taiwan. Como a China é tratada como um concorrente estratégico, espera-se que os EUA sejam mais desenfreados em jogar a "carta de Taiwan", disse Sun ao Diário do Povo.
A recalibra??o da política sobre a quest?o de Taiwan reflete o erro de julgamento dos EUA sobre as inten??es estratégicas da China. Os EUA assumem que o continente chinês está tentando mudar o status quo do Estreito de Taiwan por meios militares, o que impedirá sua intromiss?o nos assuntos de Taiwan para os interesses dos EUA, disse Wang.
A linha dura de Biden em Taiwan é também uma forma de dizer aos aliados militares dos Estados Unidos que a crise na Ucrania n?o distrai a aten??o dos EUA da ásia.
Exagerar a inten??o militar do continente em Taiwan justificaria a "estratégia Indo-Pacífico" dos EUA e a necessidade de seu engajamento na estabilidade e seguran?a da ásia, disse Sun.
Em nome de "apoiar a estabilidade regional", a verdadeira inten??o dos EUA é tranquilizar os aliados e garantir sua hegemonia global, disse Sheng.