Pessoas empurram um carro ao longo de uma rua inundada em Recife, Brasil, na sexta-feira após chuva forte. (Foto: Lúcio Tavora/Xinhua)
Chuvas torrenciais, inunda??es e deslizamentos de terra devastaram comunidades inteiras na regi?o de Pernambuco, no Brasil, destacando os perigos que as mudan?as climáticas representam para os mais vulneráveis.
Enquanto a regi?o se esfor?a para se recuperar dos danos, especialistas pedem investimentos em mitiga??o e preven??o, além de sugerirem que o Brasil siga o exemplo da China ao priorizar a a??o climática.
Os desastres provocados pela chuva que atingiram a regi?o de Pernambuco recentemente mataram pelo menos 128 pessoas, e milhares foram for?adas a deixar suas casas.
"N?o tenho dúvidas de que esta é a maior tragédia que a regi?o metropolitana de Recife, capital de Pernambuco, enfrentou neste século", disse Jo?o Cumaru, cientista político da cidade nordestina. "Em termos de mortes, essa tragédia já superou as maiores enchentes que Recife já teve, ocorridas em 1975".
As enchentes de 1975 deixaram 107 mortos. Em 1966, chuvas igualmente fortes causaram a morte de 175 pessoas na regi?o de Pernambuco.
é necessário fortalecer a coopera??o internacional para combater as mudan?as climáticas, disse Cumaru, observando que o Brasil pode aprender com a estratégia da China. "Há muito a aprender no Brasil com a forma como a China está lidando com as mudan?as climáticas e como isso se tornou uma prioridade para o governo central".
De acordo com o Painel Intergovernamental das Na??es Unidas sobre Mudan?as Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), Recife ocupa a 16a posi??o no ranking global das cidades mais vulneráveis às mudan?as climáticas.
A cidade de Goiana, localizada a 65 quil?metros ao norte de Recife, ainda está inundada. Milhares de pessoas est?o abrigadas em condi??es de emergência e a ajuda humanitária foi enviada.
"Meus parentes est?o bem, gra?as a Deus, mas muitas famílias de amigos e alunos do nosso projeto social n?o tiveram a mesma sorte e perderam tudo", disse Fernando Júnior Gomes da Silva, capoeirista da regi?o que hoje vive na Pol?nia. De sua nova casa, ele apoia um projeto social em Pernambuco. A arte marcial brasileira capoeira combina elementos de música, dan?a e acrobacias.
"Há 15 anos organizamos treinamentos de capoeira, boxe e artes marciais mistas para crian?as carentes. Oferecemos esses programas para 80 crian?as que precisam de uma ocupa??o extra após a escola, mas agora com as enchentes, s?o 400 famílias desabrigadas morando em escolas públicas", disse Fernando.
Segundo dados oficiais, 9.302 pessoas perderam suas casas nesta esta??o chuvosa. A previs?o meteorológica do estado é de chuvas recordes em junho.
Gomes da Silva, assim como muitos brasileiros ao redor do mundo, iniciou campanhas de arrecada??o de fundos para ajudar os atingidos pelas chuvas e enchentes a recuperar alguns de seus bens.
Enquanto isso, a comunidade chinesa em Recife, liderada pela C?nsul Geral Yan Yuqing, doou mais de R$ 100.000 (US$ 20.935) em bens de emergência e alimentos.
“Essas chuvas foram históricas e causaram a perda de muitas vidas e bens. Temos aqui uma comunidade que trata essa terra como uma segunda casa, ent?o realizamos essa a??o. Isso tudo demonstra a amizade sino-brasileira”, disse Yan.
De acordo com o IPCC, 45,7% do litoral do Recife é uma "zona de alta vulnerabilidade" às mudan?as climáticas.