Diplomatas brasileiros apresentaram na segunda-feira o documento Perspectivas Brasileiras para os BRICS - 2022, desenvolvido pelo Centro Brasileiro de Rela??es Internacionais (CEBRI), que teve como objetivo mapear tendências e definir estratégias e propostas concretas a partir do ponto de vista do país sul-americano.

O projeto foi desenvolvido pelo CEBRI, a convite da Embaixada da China no Brasil, com o objetivo de informar a agenda e melhorar a a??o conjunta e a inser??o internacional do grupo.

Coordenado por Marcos Caramuru de Paiva, ex-embaixador do Brasil na China, o relatório foi elaborado pelos "Senior Fellows" Tatiana Rosito e José Mario Antunes, com o apoio da equipe do Centro ásia, e a participa??o de dezenas de especialistas.

Ao apresentar o documento nas redes sociais do CEBRI, Caramuru destacou que o Brasil só poderá aproveitar as oportunidades abertas pela coopera??o entre os países do BRICS se tiver uma vis?o clara de uma estratégia nacional de desenvolvimento.

"A inser??o no BRICS, o aproveitamento da plataforma do BRICS de uma forma mais saudável, depende de uma defini??o de uma estratégia nacional mais ampla", afirmou.

"N?o se trata somente de rever algumas das grandes quest?es que est?o diante de nossa economia, mas, a partir dessa revis?o, rever também nossa inser??o na economia internacional e encontrar um papel mais claro e de maior valor agregado para o BRICS em nossa realidade", ressaltou.

O CEBRI realizou, em fevereiro e mar?o deste ano, três reuni?es a portas fechadas com especialistas brasileiros do mundo acadêmico, com o setor privado, o setor público e a sociedade civil para debater as perspectivas dos BRICS em 2022, ano em que a presidência rotativa do grupo é da China.

As reuni?es se concentraram nos temas "Economia, Finan?as, Comércio e Investimento" e "Governan?a Global".

Foram discutidos, entre outros pontos, o fortalecimento do comércio e do investimento intra-BRICS para aproveitar a recupera??o pós-pandêmica e contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Outro destaque foi como impulsionar a complementariedade das cadeias de fornecimento e estimular os investimentos para promover a complementariedade produtiva. Muitos especialistas destacaram a for?a da China nos BRICS.

Em nome do país asiático, o Encarregado de Negócios da embaixada chinesa no Brasil, Jin Hongjun, destacou na segunda-feira as convergência entre os países membros, e sua expectativa favorável com rela??o a 14a Cúpula dos BRICS, prevista para o final de junho.

"Ao lado do Brasil e dos demais integrantes do grupo, o governo chinês espera promover um resultado positivo para a Cúpula, fazendo deste mecanismo de coopera??o um lastro e uma fonte de energias em um cenário turbulento", acrescentou.

A embaixadora Ana Maria Bierrenbach, coordenadora de Mecanismos Inter-regionais da chancelaria brasileira e Sub-Sherpa do Brasil para os BRICS, enfatizou a vigência dos princípios que impulsionaram a cria??o do grupo.

"O BRICS continua sendo valorizado por seus cinco membros como uma importante plataforma de coopera??o e diálogo, e os principais objetivos que levaram à forma??o do grupo 13 anos continuam vivos", afirmou.

"Esses objetivos s?o "a defesa do multilateralismo e a reforma das institui??es multilaterais para tornar mais justa e eficaz a ordem internacional, legitimamente representativa e com uma maior participa??o dos países em desenvolvimento".

O documento Perspectivas Brasileiras para os BRICS-2022 enfatiza que o BRICS, em pouco mais de uma década, produziu resultados concretos e continua despertando interesse pelo potencial que oferece para a coopera??o e por ser um mecanismo único de concerta??o em um mundo multipolar.

No caso do Brasil, o documento destaca que os BRICS devem ser entendidos como uma oportunidade para diversificar e agregar valor à agenda comercial e aumentar o comércio internacional intraindústria.

Além disso, o texto elaborado pelos especialistas brasileiros registra a percep??o de que os BRICS podem chegar a ter uma relevancia maior em um mundo no qual a geopolítica tende a ganhar primazia sobre os fatores econ?micos que regem as rela??es entre os países.

Nesse sentido, entre as recomenda??es, prop?e estimular um compromisso maior entre o continente euro-asiático, o africano e o sul-americano, e no contexto, o Brasil teria um papel a desempenhar na constru??o de pontes multilaterais e regionais.