A reuni?o da cúpula do BRICS que se realizará em Beijing é uma antessala de uma nova governan?a mundial e de uma globaliza??o com características chinesas e geopoliticamente eurasiática, afirmou Javier Vadell, professor de Rela??es Internacionais da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, Brasil.
Em entrevista à Xinhua, Vadell, que é coordenador do primeiro curso de pós-gradua??o sobre a China contemporanea no Brasil, repassou os desafios dos países do grupo formado por Brasil, Rússia, índia, China e áfrica do Sul diante da situa??o global atual da pandemia, do conflito na Ucrania e do que chamou de "redu??o da hegemonia" dos Estados Unidos no concerto internacional.
A cúpula dos presidentes dos países do BRICS em 24 de junho em Beijing "é o ponto de reinício" para este grupo de na??es, ressaltou.
"Nesta governan?a global aparece um protagonista político, atualmente, que é a Rússia e, por outro lado, há um piv? econ?mico e aglutinador em todo o planeta, que é a China. é a antessala de uma nova globaliza??o com características chinesas e geopoliticamente eurasiática", afirmou Vadell.
O professor da universidade brasileira, que também é especialista nas rela??es entre América Latina e China, acredita que a cúpula do BRICS servirá para refor?ar o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB, na sigla em inglês), a revolu??o industrial 4.0 e a quest?o monetária do comércio em moedas diferentes do dólar que se acelerou com a guerra.
"Que a China seja a anfitri? é fundamental neste momento em que se busca refor?ar o grupo do BRICS. é crucial porque a China lhe está dando um grande impulso em sintonia com a importancia da Cúpula Eurasiática. Junto com o BRICS, isto é um dos pilares da nova governan?a global", destacou.
Para Vadell, a cúpula acontece em um momento que os Estados Unidos e a Organiza??o do Tratado do Atlantico Norte (OTAN) mostram na Ucrania "um declive ou redu??o" de Washington como uma potência econ?mica.
"Tem se visto algum tipo de insubordina??o ao que os Estados Unidos chamam de 'ordem baseada em regras', um conceito que tem pouco de multilateral, mas que é algo que determina Washington e a OTAN", afirmou.
Este declive com o conflito entre Rússia e Ucrania, segundo Vadell, "acelerou o papel periférico da Europa ao se alinhar com os Estados Unidos".
O especialista argentino residente no Brasil destacou os convites feitos a países como Argentina, Arabia Saudita, Egito, Turquia, Tailandia e Gana, como presidente da Uni?o Africana, para participar da cúpula do BRICS.
Para a regi?o latino-americana, a novidade, segundo Vadell, é que o convite para participar da cúpula enviado à Argentina tem a ver com a decis?o desse país sul-americano de aumentar a coopera??o tanto com a China como com a Rússia.
"A Argentina foi o vigésimo país a somar-se à Iniciativa do Cintur?o e Rota e isso aprofundou as rela??es. Esses novos atores s?o importantes para a tendência ao fortalecimento do BRICS, que pode ser um 'BRICS plus'", avaliou.
Sobre o Brasil, o professor Vadell disse que o aprofundamento das rela??es com a China -- principal parceiro comercial do gigante sul-americano desde 2009 -- deverá se desenvolver independentemente do vencedor das elei??es presidenciais de outubro próximo.