A percep??o de risco dos investidores internacionais com rela??o ao Brasil e a sua economia piorou de forma mais intensa do que no conjunto de economias da América Latina, segundo afirmaram a Xinhua economistas brasileiros.
Desde o início do ano, o risco-país do Brasil, que se mede através do Credit Default Swap (CDS), subiu 87 pontos até chegar a 290, enquanto no mesmo período, a média de risco-país da Col?mbia, Chile, México e Peru, países que passaram por elei??es e ou incertezas políticas recentes, avan?ou 58 pontos, até 168.
O CDS é uma espécie de seguro contra calote e, portanto, funciona como uma das principais medi??es de risco entre as economias. Quanto mais alto for o CDS de um país, mais arriscado ele será considerado pelos investidores.
Segundo explicou a Xinhua o economista Gustavo Troccoli, da consultoria Rosenberg, "vemos neste movimento que é um momento muito adverso e desafiador para o mundo. O ajuste monetário tem sido mais incisivo do que o esperado, o Federal Reserve dos Estados Unidos tentando tomar as rédeas de uma infla??o que se espalhou por todo o mundo".
No Brasil, o Banco Central elevou recentemente a taxa básica de juros a 13,25, maior patamar desde dezembro de 2016, em uma tentativa de conter a infla??o, que nos últimos 12 meses até maio registrou 11,73%.
A subida da taxa de juros desacelera o ritmo de crescimento da economia, porque encarece o crédito para as famílias e para os investimentos das empresas. é por isso que o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a previs?o de crescimento mundial este ano de 4,4 para 3,6%.
Para Troccoli, o Brasil é visto no mercado internacional como "mal de liquidez", ou seja, por ser uma grande economia, tem mais entrada e saída de recursos comparado com outros países, o que provoca uma oscila??o da moeda e do risco-país, "mas, por sua vez, acaba sendo mais afetado pelas mudan?as no mercado internacional".
"O aumento da taxa de juros fora representa 65% do movimento da desvaloriza??o recente do real ", acrescentou Troccoli.
Por sua vez, o também economista Bruno Rezende, da Consultoria, afirmou que o "Brasil ainda sofre com as incertezas internas que despertaram a preocupa??o recente dos investidores. As principais dúvidas s?o se o Governo e o Congresso conseguir?o intervir nos pre?os dos combustíveis da estatal Petrobras e o custo fiscal que isso ocasionará".
A incerteza política que existe atualmente no Brasil é um dos fatores que explicam a disparada do risco-país a pouco mais de três meses das elei??es, nas quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores lidera em todas as pesquisas de opini?o, na frente de Jair Bolsonaro.
"No caso brasileiro, os movimentos que temos visto neste mês incomodaram o mercado. Houve uma mobiliza??o do governo e do Congresso para frear o aumento dos pre?os dos combustíveis, incluindo a demiss?o do presidente da Petrobras e uma possível mudan?a na lei das empresas estatais para dar mais controle ao Executivo", comentou Rezende.
Em sua última reuni?o, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reconheceu que a economia brasileira enfrenta vários riscos diante da incerteza do panorama fiscal e das políticas para estimular a economia em um ano eleitoral.
Além disso, o Copom deu a entender que manterá a taxa básica de juros em um nível alto num futuro próximo, o que manterá também o risco-país do Brasil em um nível elevado.
"Nossa percep??o é que a infla??o alcan?ou seu limite, mas quando come?ar a cair, descobriremos que cairá muito pouco, o que requererá uma a??o mais incisiva do Banco Central", disse Rezende, para quem, com isso, o risco-país do Brasil continuará elevado por um bom tempo.