Joe Biden concluiu no sábado sua primeira visita ao Oriente Médio como presidente dos EUA, alcan?ando um número limitado de objetivos estratégicos em sua agenda egoísta.
Ele n?o teve sucesso em sua tentativa de formar uma alian?a militar regional contra o Ir?, nem convenceu a Arábia Saudita a agir imediatamente para aumentar a produ??o de petróleo.
Na verdade, mesmo antes de sua chegada, havia uma baixa expectativa de qualquer avan?o durante sua viagem, destinado principalmente a salvar seus índices de aprova??o em declínio em meio a uma infla??o crescente e uma economia em dificuldades.
TENTATIVA DE FORMAR ALIAN?A ANTI-IR?
Em Israel, a primeira etapa de sua viagem de quatro dias, Biden assinou a Declara??o Conjunta de Parceria Estratégica EUA-Israel com o primeiro-ministro israelense Yair Lapid, comprometendo-se a impedir que o Ir? adquira uma arma nuclear.
Apesar da demonstra??o de unidade de Biden, Israel ficou descontente com seus esfor?os contínuos para restaurar o acordo nuclear iraniano de 2015.
Israel considera o Ir? como seu maior inimigo e tem continuamente manifestado preocupa??o com suas aspira??es nucleares, embora o Ir? insista que seu programa nuclear n?o é para fins militares.
Os Estados Unidos, juntamente com outras potências mundiais, est?o envolvidos em negocia??es com o Ir? para reviver o pacto nuclear iraniano de 2015 desde o ano passado. Os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do acordo nuclear em 2018, mas o governo Biden espera restaurar o acordo por meio de conversas indiretas com o Ir?.
"A quest?o real é o que os EUA v?o fazer com o Ir?, que é com o que Israel está muito preocupado, e sabemos que existem diferen?as de opini?o entre Israel e os EUA sobre essa quest?o", disse Efraim Inbar, presidente do Instituto de Estratégia e Seguran?a de Jerusalém, um think tank israelense.
Além disso, a visita de Biden à Arábia Saudita, obscurecida por críticas domésticas e sua promessa anterior de punir o reino por seu "registro de direitos humanos", n?o cumpriu o objetivo de normalizar os la?os entre Israel e a Arábia Saudita, que estremeceram as rela??es com o Ir?.
Analistas alertaram que a tentativa de Biden de criar uma alian?a regional de seguran?a anti-Ir?, também conhecida como a vers?o do Oriente Médio da OTAN, ainda enfrenta obstáculos.
No mundo árabe, existem diferen?as em rela??o a como lidar com a chamada crescente amea?a iraniana. O Catar tem la?os estreitos com Teer? há muito tempo, enquanto os Emirados árabes Unidos (EAU) disseram que n?o buscar?o um confronto com o Ir?.
O conselheiro-diplomático do presidente dos Emirados árabes Unidos, Anwar Gargash, afirmou claramente na sexta-feira que os Emirados árabes Unidos n?o far?o parte de nenhum grupo que tenha como alvo o Ir? porque o país é contra "a ideia de criar qualquer eixo" contra Teer?.
Sinem Cengiz, analista político turco, disse ao jornal de língua inglesa Arab News, com sede na Arábia Saudita, que os países envolvidos ainda discordam sobre se a coopera??o deve ser focada na integra??o de sistemas de defesa aérea ou incluir compartilhamento de inteligência e opera??es militares, e há também um debate sobre se deve criar uma nova alian?a ou melhorar as estruturas.
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, alertou na quinta-feira que quaisquer "erros" dos Estados Unidos e seus aliados para alimentar uma crise regional receber?o uma resposta "decisiva" do Ir? que os fará se arrepender.
FALTA DE A??O EM QUEST?O ISRAELO-PALESTINA
Durante sua visita a Israel e uma curta estadia na cidade de Belém, na Cisjordania, Biden n?o fez nenhum esfor?o real para reviver o paralisado processo de paz israelo-palestino, ignorando os repetidos apelos dos palestinos.
Depois de se encontrar com o presidente palestino Mahmoud Abbas em Belém, Biden apenas reiterou seu "compromisso com o objetivo de uma solu??o de dois Estados" e acrescentou que tal objetivo "parece t?o distante".
Abbas pediu ao presidente dos EUA para criar uma atmosfera política para alcan?ar uma paz justa, abrangente e duradoura na regi?o com base em resolu??es internacionais e na solu??o de dois Estados.
Especialistas também alertaram que em meio aos crescentes la?os entre Israel e os principais países árabes nos últimos anos, a quest?o palestina tem sido cada vez mais marginalizada. As prioridades da agenda dos EUA na regi?o mudaram para conter o Ir? e manter a hegemonia dos EUA.
"A essência da visita de Biden é organizar uma alian?a regional para garantir os interesses americanos e confrontar o Ir?", disse Ramzi Rabah, membro do comitê executivo da Organiza??o para a Liberta??o da Palestina, pedindo a Biden que cumpra suas promessas aos palestinos.
Nos últimos dias, milhares de palestinos na Cisjordania e na Faixa de Gaza realizaram protestos contra a visita de Biden, criticando sua postura pró-israelense tendenciosa sobre a quest?o palestino-israelense.
SEM A??O SAUDITA IMEDIATA NA RETIRADA DE PETRóLEO
Na tarde de sexta-feira, Biden voou para Jidá, uma cidade costeira da Arábia Saudita, onde se encontrou com o rei saudita, Salman bin Abdulaziz Al Saud, e o príncipe herdeiro, Mohammed bin Salman Al Saud.
No sábado, o presidente dos EUA também participou de uma reuni?o de cúpula com líderes do Conselho de Coopera??o do Golfo, o presidente egípcio Abdel-Fattah al-Sisi, o rei jordaniano Abdullah II e o primeiro-ministro iraquiano, Mustafa al-Kadhimi.
Um dos principais objetivos da controversa visita de Biden à Arábia Saudita é persuadir o reino a aumentar drasticamente a produ??o de petróleo para estabilizar o mercado de energia impactado pela crise na Ucrania, bem como pelas san??es dos EUA e seus aliados à Rússia.
Pressionado pela infla??o crescente e uma queda contínua de seus índices de aprova??o em casa, Biden tenta baixar os pre?os do petróleo buscando ajuda da Arábia Saudita, rica em petróleo.
O príncipe herdeiro saudita, que trocou farpas com Biden sobre a quest?o dos direitos humanos em sua reuni?o, indicou na cúpula que o reino aumentará a produ??o de petróleo para 13 milh?es de barris por dia, no máximo, alertando que "políticas energéticas irreais levariam a uma infla??o mais alta".
O ministro das Rela??es Exteriores da Arábia Saudita, príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, disse que "a OPEP + continuará avaliando as condi??es do mercado e fazendo o que for necessário".
A OPEP+, grupo de países produtores de petróleo liderado pela Arábia Saudita, se reunirá em 3 de agosto.
De fato, o PIB real do reino cresceu 10 por cento no primeiro trimestre de 2022, em grande parte gra?as à alta sustentada dos pre?os do petróleo, segundo dados oficiais.