O crescimento da produ??o mundial deve desacelerar de 3,0% em 2022 (estimado) para 1,9% em 2023, uma das menores taxas de crescimento das últimas décadas, de acordo com um relatório da ONU divulgado nesta quarta-feira.
O documento, Situa??o e Perspectivas Econ?micas Mundiais em 2023, prevê que o crescimento global acelerará moderadamente para 2,7% em 2024, já que alguns ventos macroecon?micos contrários devem come?ar a diminuir no próximo ano.
Em meio à alta infla??o, aperto monetário agressivo e incertezas elevadas, o atual declínio desacelerou o ritmo da recupera??o econ?mica da crise COVID-19, amea?ando vários países - desenvolvidos e em desenvolvimento - com perspectivas de recess?o em 2023, explica.
O ímpeto de crescimento enfraqueceu significativamente nos Estados Unidos, na Uni?o Europeia e em outras economias desenvolvidas em 2022, impactando negativamente o resto da economia global por meio de vários canais.
Nos Estados Unidos, o Produto Interno Bruto (PIB) deve expandir em apenas 0,4% em 2023, após um crescimento estimado de 1,8% em 2022, segundo o texto.
Estima-se que o crescimento na China melhore moderadamente em 2023. à medida que o governo ajustou sua política de COVID no final de 2022 e flexibilizou as políticas monetária e fiscal, o crescimento econ?mico chinês deve acelerar para 4,8% em 2023, de acordo com o relatório.
O aperto das condi??es financeiras globais, juntamente com um dólar forte, exacerbou as vulnerabilidades fiscais e da dívida nos países em desenvolvimento.
A maioria dos países em desenvolvimento viu uma recupera??o lenta do emprego em 2022, continuando a enfrentar considerável falta de empregos, apontou o relatório.
O mesmo alerta que o crescimento mais lento, juntamente com infla??o elevada e as crescentes vulnerabilidades de dívida, amea?am causar retrocesso adicional em conquistas duramente obtidas no desenvolvimento sustentável, aprofundando os efeitos já negativos das crises atuais.
Em 2022, o número de pessoas submetidas à inseguran?a alimentar aguda mais do que dobrou em rela??o a 2019, chegando a quase 350 milh?es. Um período prolongado apresentando fraqueza econ?mica e lento crescimento de renda n?o apenas vai dificultar a erradica??o da pobreza, mas também restringir a capacidade dos países de investir nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) de 2030 de forma mais ampla, enfatiza.
"As crises atuais est?o atingindo mais duramente os mais vulneráveis - muitas vezes sem culpa própria. A comunidade global precisa intensificar esfor?os conjuntos para evitar o sofrimento humano e apoiar um futuro inclusivo e sustentável para todos", disse Li Junhua, subsecretário-geral da ONU para assuntos econ?micos e sociais, em um comunicado sobre a divulga??o do relatório.
O relatório pede que os governos evitem a austeridade fiscal que sufocaria o crescimento e afetaria desproporcionalmente os grupos mais vulneráveis, afetaria o progresso na igualdade de gêneros e impediria as perspectivas de desenvolvimento entre gera??es.
Recomenda a realoca??o e a reprioriza??o dos gastos públicos por meio de interven??es políticas diretas que criar?o empregos e revigorar?o o crescimento, observando que isso exigirá o fortalecimento dos sistemas de prote??o social, bem como a garantia do apoio contínuo por meio de subsídios direcionados e temporários, transferências de renda e descontos nas contas de servi?os públicos, que podem ser complementados com redu??es nos impostos sobre o consumo ou obriga??es aduaneiras.
"A pandemia, as crises globais de alimentos e energia, os riscos climáticos e uma possível crise da dívida em muitos países em desenvolvimento est?o testando os limites das estruturas multilaterais existentes", diz o relatório. "A coopera??o internacional nunca foi t?o importante quanto agora para enfrentar múltiplas crises globais e trazer o mundo de volta aos trilhos para alcan?ar o ODS."
As necessidades adicionais de financiamento para o ODS nos países em desenvolvimento variam de acordo com a fonte, mas estima-se que totalizem alguns trilh?es de dólares americanos por ano, de acordo com o relatório.
Um compromisso internacional mais forte, aponta o relatório, é urgentemente necessário para expandir o acesso à assistência financeira de emergência, para reestruturar e reduzir os encargos de dívida entre os países em desenvolvimento e ampliar o financiamento para o ODS.