O governo brasileiro divulgou nesta sexta-feira um relatório sobre os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro, no qual se constatou que houve uma "cadeia de coincidências", agravadas por graves falhas de seguran?a que permitirama s invas?es e depreda??es no Congresso Nacional, no Palácio Presidencial e na Suprema Corte.
O relatório foi entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ajudar a esclarecer o papel desempenhado pelas for?as de seguran?a nos ataques realizados por milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante a apresenta??o do relatório, o secretário executivo do Ministério da Justi?a e atual interventor na secretaria de Seguran?a do Distrito Federal, Ricardo Cappelli, afirmou que houve uma "conspira??o" para tentar derrubar o atual governo, embora tenha reconhecido que "n?o é fácil provar" a suspeita.
"Na melhor das hipóteses, faltou dire??o e responsabilidade. Mas o conjunto de coincidências pode configurar algo muito mais grave", comentou Cappelli.
O relatório acusa o ex-ministro da Justi?a do governo Bolsonaro e que era o secretário de Seguran?a do Distrito Federal quando ocorreram os fatos, Anderson Torres, como um dos principais responsáveis pelos ataques. Torres está preso em Brasília desde 14 de janeiro.
Segundo Cappelli, Torres "gerou instabilidade" nos órg?os de Seguran?a de Brasília porque assim que assumiu o cargo, no dia 1o de janeiro, exonerou vários comandantes e permitiu que outros saíssem de férias.
Dois dias antes dos ataques, Torres recebeu um relatório dos setores de inteligência que expunha a existência de "uma amea?a concreta" e antecipava os planos dos seguidores de Bolsonaro de invadir as sedes dos Três Poderes, mas n?o reagiu à informa??o.
O interventor explicou que a previs?o era deslocar 555 policiais para o centro de Brasília a fim de refor?ar a seguran?a, mas os vídeos daquele domingo indicam que havia menos de 150 agentes.
Além disso, para proteger os edifícios públicos foi instalada uma fileira simples de barreiras, embora o protocolo de seguran?a aconselhe a colocar barreiras duplas em dias de manifesta??es, e sua vigilancia estava a cargo de cadetes da Academia de Polícia.
O relatório também informou que os policiais que vigiavam a manifesta??o apreenderam objetos contundentes e máscaras, que "antecipavam uma a??o violenta" por parte dos bolsonaristas, mas o dispositivo de seguran?a n?o foi refor?ado.
Outro ponto do documento entregue ao STF ressalta a atua??o "profissional e organizada" dos invasores, vários dos quais usavam radiocomunicadores e se coordenaram para derrubar as barreiras antes da invas?o aos prédios.
Segundo Capelli, também será investigada a conduta de policiais deslocados para o dia dos ataques, visto que foram omissos e alguns, inclusive, confraternizaram com os vandalos.
O relatório também especifica que os ataques antidemocráticos depois da vitória do presidente Lula nas elei??es de outubro foram planejados no acampamento montado pelos apoiadores de Bolsonaro na frente do quartel-general do Exército em Brasília, onde, na véspera da invas?o, concentravam-se em torno de 4.000 pessoas.