O Instituto de Microbiologia da Academia Chinesa de Ciências (CAS, em inglês) e a Funda??o Oswaldo Cruz (Fiocruz) assinaram na quinta-feira em Beijing um Memorando de Entendimento para a cria??o do Centro Sino-Brasileiro de Pesquisa e Preven??o de Doen?as Infecciosas (IDRPC).
Segundo um comunicado da Fiocruz, o centro, que terá uma sede em Beijing e outra no Campus Manguinhos da Fiocruz, no Rio de Janeiro, atuará para fortalecer a coopera??o na área de ciência e tecnologia relacionada à saúde, com foco na preven??o e controle de pandemias e epidemias, tais como COVID-19, influenza, chikungunya, zika, dengue, febre amarela, oropouche e outras doen?as infecciosas, como tuberculose. Além disso, buscará desenvolver bens públicos de saúde global, como testes de diagnósticos rápidos, terapias, vacinas e fármacos.
"A coopera??o sino-brasileira em ciência e saúde alcan?a outro patamar com esse acordo. A pesquisa conjunta em doen?as infecciosas nos laboratórios chineses e brasileiros, a troca permanente de experiências e conhecimentos, a qualifica??o ainda maior da vigilancia epidemiológica ganham com o fortalecimento da nossa ciência e capacitam mais os países na prepara??o para novas emergências sanitárias, cada vez mais comuns", disse Mario Moreira, presidente da Fiocruz.
"Compartilhamos com a CAS e a Academia Mundial de Ciências (TWAS) a vis?o dos bens de saúde como bens públicos, tais como vacinas, medicamentos e testes diagnósticos. O desenvolvimento e produ??o desses bens precisa se descentralizar e servir ao fortalecimento dos sistemas de saúde para diminuir a vulnerabilidade global. Vamos caminhar juntos nessa dire??o que fortalece a posi??o internacional da Fiocruz", acrescentou.
O acordo prevê a forma??o de um grupo de trabalho para implementar o centro nos dois países. Cada sede funcionará com pesquisadores das duas nacionalidades. Nelas ser?o desenvolvidos trabalhos de pesquisa básica e translacional, pesquisa clínica, treinamento e investiga??o, comunica??o internacional e intercambio de pesquisadores. Ser?o realizados projetos de pesquisa conjunta; forma??o e desenvolvimento de recursos humanos em diferentes níveis (como técnico, mestrado, doutorado e pós-doutorado); intercambio de informa??es, tecnologia e materiais; organiza??o de seminários e conferências; publica??es conjuntas de artigos científicos; desenvolvimento tecnológico de novas vacinas, anticorpos terapêuticos e medicamentos para doen?as infecciosas agudas e cr?nicas; e colabora??es em medicina tropical.
"Este acordo refor?a a coopera??o em saúde pública", comentou o diretor executivo do Centro de Excelência CAS-TWAS para Doen?as Infecciosas Emergentes (CEEID), Shi Yi, que mediou a série de seminários entre CAS e Fiocruz no ano passado.
Em Beijing, o centro funcionará no Instituto de Microbiologia. No Brasil, ele ficará no prédio do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS), que está sendo construído em Manguinhos. O prédio tem previs?o de conclus?o para o final de 2024, com o centro devendo come?ar a funcionar no início de 2025. Até lá, haverá tempo para selecionar os pesquisadores que ir?o e os que vir?o.
"A importancia maior desse memorando é que pela primeira vez vamos estabelecer dois centros físicos, que ser?o usados por pesquisadores brasileiros e chineses. Estamos transformando eventos que eram de curta dura??o, como as visitas de pesquisadores, em atividades permanentes. A ideia é ter aqui cientistas chineses por longos períodos, um mês, um ano, dois anos", disse Carlos Morel, coordenador do CDTS que participou da elabora??o do memorando.