Zhai Jun*

Desde que o diálogo entre a Arábia Saudita e o Ir? em Beijing alcan?ou grandes resultados, ambas as partes continuam dando novos passos para facilitar as rela??es, de acordo com o roteiro e o cronograma clarificados no "Acordo de Beijing". A 6 de abril, após o sucesso da reuni?o dos ministros das Rela??es Exteriores da Arábia Saudita e do Ir?, ambas as partes emitiram uma declara??o conjunta, anunciaram a restaura??o dos la?os diplomáticos e inauguraram um novo capítulo na história de suas rela??es. A ocasi?o constituiu um momento inspirador para a reconcilia??o no Oriente Médio e um importante exemplo de resolu??o de conflitos por meio do diálogo e da negocia??o. Forneceu também um exemplo de sucesso para a implementa??o de iniciativas de seguran?a global e para a constru??o de uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, exemplo esse que tem sido amplamente aplaudido pelos países do Oriente Médio e pela comunidade internacional. A China, enquanto mediador confiável e de boa fé, cumpriu fielmente seus deveres como anfitri? e conta com a total confian?a da Arábia Saudita e do Ir?. O papel desempenhado pela China é muito valorizado pelos países e povos da regi?o.

Numa altura em que o mundo está entrando em um novo período de turbulência e de mudan?as, em que quest?es polémicas vêm surgindo uma após a outra, os temas que nos ocupavam na era da paz e do desenvolvimento est?o sendo seriamente comprometidos. A alta concentra??o das quest?es críticas que afetam o Oriente Médio faz com que os conflitos nesta regi?o sejam de grande complexidade. Em conjunto com os países da regi?o, a China tem implementado iniciativas de seguran?a global e promovido a retomada das rela??es diplomáticas entre o Ir? e a Arábia Saudita, assim demonstrando o seu sentido de responsabilidade e trazendo grandes benefícios para um mundo turbulento.

O diálogo entre a Arábia Saudita e o Ir? em Beijing demonstrou claramente que o respeito mútuo, o diálogo e a consulta s?o as formas fundamentais de resolver conflitos. Os fatos têm provado vezes sem conta que guerras e san??es apenas criam mais conflito e instabilidade, e que somente a compreens?o mútua e a acomoda??o permitem chegar a solu??es inclusivas. Por mais complexo que seja o problema e qu?o grande seja o desafio, a comunidade internacional, em particular os países de maior influência, deve tomar uma posi??o clara na promo??o da paz e do diálogo, aconselhar e mediar de acordo com as necessidades e expetativas dos países envolvidos, assim como ajudar as partes a trabalhar juntas em um espírito de respeito mútuo. Por meio do diálogo se constrói confian?a mútua, se resolvem disputas e se promove a seguran?a.

Os resultados alcan?ados pelo Ir? e a Arábia Saudita expressam que os interesses comuns dos países em desenvolvimento só podem ser salvaguardados mediante o respeito pela soberania, a solidariedade e a coopera??o. Por muito tempo, certas grandes potências externas à regi?o provocaram conflitos, criaram cis?es e compartimentaram o Oriente Médio para o governar, resultando em turbulência na regi?o e em sofrimento para seus povos. A experiência dos países do Oriente Médio é também a experiência de muitos países em desenvolvimento em todo o mundo. N?o existe o chamado "vácuo" em política internacional. Os países em desenvolvimento têm a vontade e a capacidade de buscar por si próprios a paz e o desenvolvimento. Perante interferências externas, estes países devem fortalecer ainda mais sua soberania, solidariedade e coopera??o, buscar a paz por meio da unidade, alcan?ar a estabilidade por meio do autoaperfei?oamento e promover o desenvolvimento por meio da coopera??o.

O diálogo entre a Arábia Saudita e o Ir? em Beijing demonstra que somente aderindo a um conceito de seguran?a comum, abrangente, cooperativo e sustentável é possível concretizar uma seguran?a universal. A humanidade é uma comunidade de seguran?a indivisível. Seja no Oriente Médio ou em outras regi?es do globo, o caminho para a seguran?a nunca foi uma via de sentido único, antes uma via de dois sentidos que possibilita aproxima??es e entendimentos mútuos. Todos os membros da comunidade internacional devem ter em conta as preocupa??es de seguran?a legítimas e razoáveis ??dos demais, construir uma plataforma de diálogo de seguran?a aberta à participa??o de todas as partes, erguer uma estrutura de seguran?a equilibrada, eficaz e sustentável e estabelecer bases sólidas para uma seguran?a verdadeiramente duradoura.

O exemplo de sucesso do Ir? e da Arábia Saudita comprova que a base fundamental para lidar com as rela??es entre países é o cumprimento dos propósitos e princípios da Carta das Na??es Unidas. Sendo resultado das profundas reflex?es dos povos do mundo sobre as dolorosas li??es históricas das duas guerras mundiais, a Carta das Na??es Unidas condensa a estrutura de um sistema que permite à humanidade alcan?ar a seguran?a coletiva e a paz permanente. Se, atualmente, tens?es e conflitos globais est?o surgindo um após o outro, n?o é porque os propósitos e princípios da Carta da ONU estejam ultrapassados, mas porque eles n?o foram efetivamente mantidos e implementados. A comunidade internacional deve defender firmemente as normas básicas que regem as rela??es internacionais com base nos propósitos e princípios da Carta da ONU, aderir às regras de ouro da igualdade soberana e da n?o interferência em assuntos internos e buscar solu??es justas, razoáveis ??e aceitáveis ??para os diversos conflitos.

A China é uma boa amiga e parceira dos países do Oriente Médio. N?o temos interesses próprios no Oriente Médio, n?o nos envolvemos em "clubes exclusivos" e estamos sempre comprometidos com a resolu??o política de quest?es importantes. O país está sinceramente empenhado em promover a seguran?a e a estabilidade na regi?o. Nos últimos anos, a China apresentou sucessivamente uma iniciativa de cinco pontos para garantir a seguran?a e a estabilidade no Oriente Médio, uma proposta de quatro pontos sobre uma resolu??o política para a quest?o síria e um plano de três pontos para a implementa??o de uma "solu??o de dois Estados" para a quest?o palestina, promovendo assim a constru??o de uma arquitetura de seguran?a comum, abrangente, cooperativa e sustentável para o Oriente Médio. Tais esfor?os s?o consistentes com o apoio prestado ao restabelecimento das rela??es diplomáticas entre o Ir? e a Arábia Saudita e est?o de acordo com o espírito da Iniciativa de Seguran?a Global.

No futuro, a China demonstrará, como sempre, seu sentido de responsabilidade enquanto potência importante, apelará à imparcialidade e defenderá a justi?a. O país apoiará as na??es do Oriente Médio na preserva??o de sua independência estratégica, fortalecerá a solidariedade e a coordena??o com estes países, opor-se-á a interferências externas, explorará, de modo independente e através de diálogo e consulta, solu??es para quest?es críticas de acordo com as realidades regionais, promoverá a seguran?a e estabilidade no Oriente Médio e impulsionará a solidariedade e coopera??o dos países em desenvolvimento, de modo a propiciar o avan?o da ordem internacional em uma dire??o mais justa e razoável.

(*O autor é delegado especial do governo chinês para quest?es do Oriente Médio)