Por Edith Mutethya, para o jornal China Daily
Uma cerca mantém uma zebra fora de perigo enquanto pasta nos trilhos da ferrovia Mombasa-Nairobi, no Quênia, em 28 de julho. Foto: Dong Jianghui, Xinhua
A áfrica pode se tornar um importante destino de manufatura para as indústrias intensivas em tecnologia e um elo fundamental nas cadeias de suprimentos globais, gra?as aos recursos abundantes do continente, juntamente com seu crescente mercado de consumo, de acordo com um novo relatório.
A Conferência das Na??es Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, ou UNCTAD, lan?ou o Relatório de Desenvolvimento Econ?mico na áfrica 2023, na quarta-feira, em Nairóbi, capital do Quênia. O relatório refere que a áfrica detém 48% das reservas globais de cobalto e 47,6% das reservas globais de manganês, ambos metais vitais para a produ??o de baterias e veículos elétricos.
A áfrica produz também cromo, lítio, grafite natural, níquel, metais de terras raras, prata, telúrio e titanio, os quais s?o importantes para a transi??o de baixo carbono.
O continente oferece vantagens como acesso a insumos primários; uma for?a de trabalho mais jovem, consciente da tecnologia; e uma crescente classe média conhecida por sua demanda por bens e servi?os mais sofisticados, disse o relatório.
No evento de lan?amento, a secretária-geral da UNCTAD, Rebeca Grynspan, afirmou que a geopolítica e a dinamica comercial, incluindo a área de Livre Comércio Continental Africana, energia renovável e demografia, impulsionam as enormes oportunidades para a áfrica.
"Em termos geopolíticos, os países e as empresas est?o buscando a diversifica??o porque a dependência de um único fornecedor é t?o arriscada quanto uma commodity dependente de uma matéria-prima", disse ela. "Diversifica??o de riscos é algo que está acontecendo na dinamica comercial".
Grynspan exortou os países africanos a criar um ambiente favorável a indústrias intensivas em tecnologia que aumentariam os níveis salariais no continente.
O salário mínimo médio coletivo na áfrica é de cerca de US$ 220 por mês, em compara??o com uma média de US$ 668 na América, afirmou.
Embora o valor do mercado financeiro da cadeia de suprimentos africana tenha crescido 40% entre 2021 e 2022, atingindo US$ 41 bilh?es, ainda n?o é suficiente, disse Grynspan.
As pequenas e médias empresas na áfrica ainda est?o se debatendo com o financiamento da cadeia de suprimentos, o que poderia preencher a lacuna de tempo de pagamento entre compradores e vendedores, melhorando o acesso ao capital de giro e reduzindo as tens?es financeiras, disse ela.
“O continente pode mobilizar mais fundos, removendo barreiras ao financiamento da cadeia de suprimentos, incluindo desafios regulatórios, perce??o de alto risco e informa??es de crédito insuficientes”.
Paul Akiwumi, diretor da divis?o da UNCTAD na áfrica, Países Menos Desenvolvidos e Programas Especiais, disse que o vasto potencial de energia renovável do continente, particularmente energia solar, pode ajudar a reduzir os custos de produ??o e diminuir a dependência de fontes de energia baseadas em combustíveis fósseis.
O aumento do investimento em energia renovável também pode promover a fabrica??o de painéis solares no continente, afirmou. Atualmente, apenas cerca de 2% dos investimentos globais em energia renovável se destinam a áfrica.
Em vez de fornecer apenas matérias-primas para a transi??o de baixo carbono, os países africanos devem fortalecer as cadeias de valor, convertendo matérias-primas em produtos intermediários dentro do continente, disse Akiwumi.
O relatório da ONU destacou a necessidade de contratos de minera??o equilibrados e políticas que encorajem as conex?es entre a minera??o em grande escala e o desenvolvimento industrial local. Esses fatores s?o cruciais para os países africanos aproveitarem a chance de ingressar em cadeias de suprimentos globais de alto valor.