O Brasil assumiu na sexta-feira, pela primeira vez, a presidência do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do planeta, além da Uni?o Europeia e da Uni?o Africana, cargo que manterá durante um ano com três temas centrais: a luta contra fome, pobreza e desigualdade, o desenvolvimento sustentável e a reforma da governan?a mundial.
O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, deu diretrizes claras aos diplomatas encarregados de organizar as mais de 100 reuni?es que se realizar?o nas cinco regi?es do país, a partir deste mês de dezembro: Brasil, como anfitri?o, deve apresentar projetos concretos com efeitos práticos na vida das pessoas. Uma das iniciativas, já pronta, é a proposta de lan?ar uma alian?a mundial contra a fome.
"Para o Brasil, a fome deve estar no centro da agenda internacional e causar indigna??o, como tem afirmado o presidente Lula", disse em uma entrevista à imprensa o diplomata e sherpa (representante do Chefe de Estado nas reuni?es) Mauricio Carvalho Lyrio.
O diplomata recordou que atualmente, 750 milh?es de pessoas sofrem de fome cr?nica no mundo e 2 bilh?es têm acesso irregular aos alimentos. O governo brasileiro quer ir muito mais além das declara??es -que requerem consenso- de boa vontade. Lula espera terminar a presidência brasileira, na reuni?o dos dias 18 e 19 de novembro de 2024, no Rio de Janeiro, com um legado para a vida real das pessoas.
O Brasil também espera que se inicie uma nova etapa de trabalho e convivência nos organismos multilaterais, na qual os países do Sul Global tenham mais peso e, ao mesmo tempo, recebam mais ajuda financeira para p?r em marcha programas sociais e alcan?ar os objetivos propostos. Para o governo brasileiro, n?o basta ter doadores, acrescentou o sherpa brasileiro, mas, sim, elaborar programas sociais eficientes.
"O governo brasileiro tem como eixos centrais a redu??o das desigualdades, a mobiliza??o contra as mudan?as do clima e a transi??o energética dos países", destacou Lyrio.
A agenda de trabalho que o Brasil liderará no próximo ano inclui também novidades, como uma reuni?o ministerial sobre o empoderamento da mulher. A reforma da governan?a global é outro dos temas centrais da presidência brasileira, que busca fortalecer organiza??es como as Na??es Unidas e torná-las mais eficientes.
"O G20 tem ganhado importancia devido à dificuldade de atua??o de outras organiza??es e deve ser o cenário para promover, por exemplo, uma reforma na ONU. Como tem dito o presidente Lula, as organiza??es multilaterais s?o insuficientes quanto a sua capacidade de representa??o e a??o. Sem uma ONU forte, é mais difícil alcan?ar a paz", ressaltou o sherpa.