José Raimundo Coelho, ex-presidente da Agência Espacial Brasileira, responde a perguntas da mídia em Beijing, em 5 de fevereiro de 2024. Foto: Deng Xiaoci/GT
José Raimundo Coelho, ex-presidente da Agência Espacial Brasileira e um dos 50 especialistas estrangeiros a receber o Prêmio de Amizade do Governo Chinês de 2023, elogiou na segunda-feira a rela??o entre China e o Brasil, a qual foi significativamente aprimorada devido ao programa Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS), após mais de três décadas de coopera??o.
Raimundo, que recebeu o maior prêmio disponível para especialistas estrangeiros que deram uma contribui??o notável à moderniza??o da China, fez as observa??es durante uma entrevista ao Global Times, antes do Simpósio de Coopera??o Espacial China-Brasil em Beijing, na segunda-feira.
“Desde que nasci, acho que adoro ser amigo da China”, disse Raimundo quando solicitado a partilhar suas impress?es por ser galardoado com o prémio.
Raimundo é participante e testemunha do programa CBERS. A China e o Brasil assinaram o acordo que estabelece a pesquisa e produ??o conjunta da série CBERS em julho de 1988. O programa deu um bom exemplo de coopera??o entre países em desenvolvimento no campo da tecnologia espacial e foi elogiado como um modelo de "Coopera??o Sul-Sul".
José Raimundo Coelho, ex-presidente da Agência Espacial Brasileira (centro) abra?a Ma Shijun, gerente de miss?o do projeto CBERS do lado chinês, em Beijing, em 5 de fevereiro de 2024. Foto: Deng Xiaoci/GT
“Qualquer coisa relacionada à coopera??o entre países depende das rela??es entre eles. As rela??es entre a China e o Brasil s?o muito boas por causa dos satélites. Mas n?o devemos fazer apenas os satélites”, disse Raimundo ao Global Times.
“Temos que pegar o que fazemos com os satélites e colocá-los para fazer outras coisas, coisas diferentes, porque temos boas rela??es. Gostamos dos chineses e os chineses gostam dos brasileiros”, observou o ex-chefe espacial brasileiro.
Estabelecido em 1988, o programa CBERS marcou o primeiro desenvolvimento do satélite de sensoriamento remoto da China para uso civil que poderia transmitir dados para a Terra diretamente do espa?o.
Trabalhando juntos há mais de três décadas, a China e o Brasil desenvolveram seis satélites CBERS até agora, tendo o primeiro sido lan?ado com sucesso em 1999.
Em 8 de mar?o de 2022, durante a 6a reuni?o do Subcomitê Espacial do Comitê de Coordena??o e Coopera??o de Alto Nível China-Brasil, ambas as partes confirmaram oficialmente o início dos trabalhos de verifica??o conjunta do plano de tecnologia do satélite CBERS-06, segundo a Administra??o Espacial Nacional da China (CNSA). Em abril de 2023, o presidente brasileiro Lula visitou a China, e o protocolo suplementar do projeto do satélite CBERS06 foi assinado na presen?a de líderes de ambos os lados.
Ma Shijun, gerente de miss?o do projeto CBERS, revelou na segunda-feira que, enquanto dois países em desenvolvimento, a China e o Brasil ajudaram-se mutuamente e avan?aram as tecnologias relevantes de satélite de sensoriamento remoto, gra?as ao programa de décadas.
Ma Shijun, gerente de miss?o do projeto CBERS do lado chinês Foto: Deng Xiaoci/GT
Através da coopera??o no programa CBERS, a China conseguiu um melhor alinhamento com os padr?es internacionais. A resolu??o e a qualidade das imagens também melhoraram gradualmente e atingiram agora o nível de lideran?a mundial, disse Ma ao Global Times na segunda-feira.
Com a ajuda dos dados do satélite CBERS, a China realizou ampla coopera??o e intercambio internacional com países como Brasil, Fran?a, Noruega, Canadá, Austrália, Singapura, Mongólia, Tailandia, Suécia, áfrica do Sul e Egito, alcan?ando resultados positivos no processamento, distribui??o e aplica??o de dados do CBERS.
A série de satélites CBERS serve como satélites de servi?o para a "Carta Internacional sobre o Espa?o e Grandes Desastres" e fornece dados gratuitos para organiza??es internacionais, como a Plataforma das Na??es Unidas para Informa??es Espaciais para Gest?o de Desastres e Resposta a Emergências (UN-SPIDER).
Os dados do CBERS beneficiam áreas como agricultura, silvicultura, gest?o de recursos hídricos, topografia, planejamento urbano, meio ambiente e monitoramento de desastres, e têm sido amplamente utilizados na China, no Brasil e na comunidade internacional, promovendo o avan?o da tecnologia espacial e a coopera??o global em áreas remotas.