A catástrofe climática que se abateu sobre o estado brasileiro do Rio Grande do Sul, que faz fronteira com Argentina e Uruguai, entrou em sua terceira semana nesta segunda-feira sem dar trégua à popula??o que, além da destrui??o causada por enchentes e deslizamentos, passou por panico causado por temores de terra.
As cidades de Caxias do Sul, segunda maior do estado, Pinto Bandeira e Bento Gon?alves, situadas na regi?o serrana do Rio Grande do Sul, registraram na madrugada desta segunda-feira tremores de 2,3 na escala Richter, detectados pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) e pelo Centro de Sismologia da Universidade de S?o Paulo (USP).
Segundo o geólogo da secretaria municipal do Meio Ambiente de Caxias do Sul, Caio Torques, os tremores n?o foram causados por terremotos, mas sim pelas avalanches e deslizamentos de terra causados pelas chuvas e as subidas dos rios nos últimos 15 dias, que est?o provocando movimentos do solo em alguns morros.
"Em períodos de grandes precipita??es, esses tremores est?o relacionados a deslizamentos de terra e ao subsolo saturado pela passagem da água. O subsolo, naturalmente, possuiu espa?os vazios que s?o movidos pelo excesso de água causando esses tremores", disse Torques que assegurou que os tremores "n?o têm poder de causar danos em constru??es sólidas".
Em Porto Alegre, capital do estado, as chuvas do fim de semana voltaram a causar a subida do rio Guaíba, que atingiu nesta segunda-feira 5,02 metros, nível 45 centímetros a mais do que o do sábado quando a água atingiu a menor altura desde o início das enchentes que deixaram 147 mortos no estado, segundo os dados oficiais da Defesa Civil local.
O Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade do Rio Grande do Sul projeta que o nível máximo do Guaíba pode alcan?ar em torno de 5,40 metros nesta ter?a, cerca de 20 centímetros a mais que o recorde batido na última semana, de 5,35 metros.
Para tentar conter o avan?o das águas, a prefeitura de Porto Alegre construiu uma barricada improvisada com 1,80 metro de sacos de areia em frente à Usina do Gas?metro, regi?o central da cidade que já está alagada, assim como metade da capital.
Além das 147 mortes confirmadas, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul informou nesta segunda-feira que há 127 desparecidos e 806 feridos e o número e pessoas que precisaram deixar suas casas é de mais de 617.000, com 79.450 pessoas em abrigos e 538.241 em casa de amigos e parentes.
Ao todo 447 dos 497 municípios do estado foram afetados pela tragédia climática, sendo que 76.470 Foram resgatadas, bem como 10.814 animais.
Em Brasília, o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou nesta segunda-feira a suspens?o por três anos do pagamento da dívida que o Rio Grande do Sul tem com o governo Federal, em mais uma medida para ajudar o estado a reconstruir as cidades devastadas pela tragédia climática.
O anúncio foi feito em reuni?o virtual entre o presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.
A suspens?o da dívida será analisada pelo Congresso como um projeto de lei complementar, que ainda deverá ser aprovado e sancionado.
Em sua rede social, Lula ressaltou que a cifra se soma aos 50 bilh?es de reais (US$ 9,71 bilh?es) já destinados a programas sociais e a libera??o de créditos para o Rio Grande do Sul.