A presidente do Banco de Desenvolvimento do BRICS (NBD) e ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, e a ex-diretora executiva da ONU Mulher e ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet, reuniram-se nesta segunda-feira para analisar temas como os impactos das altera??es climáticas, a governan?a com participa??o do Estado e a melhoria das condi??es de vida das popula??es menos assistidas.
Dilma Rousseff e Bachelet, que foram as primeiras mulheres presidentes na história dos seus respectivos países, participaram nesta segunda-feira da abertura do encontro Estados do Futuro, no Rio de Janeiro, evento paralelo ao G20, fórum internacional que reúne as 19 maiores economias do mundo, além da Uni?o Europeia e da Uni?o Africana.
No evento, Dilma Rousseff identificou o financiamento como uma barreira para que os países em desenvolvimento enfrentem crises em todas as áreas e, ao mesmo tempo, alcancem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pelas Na??es Unidas.
"As condi??es de financiamento globais n?o s?o apenas restritivas, mas também proibitivas, devido aos riscos cambiais e às elevadas taxas de juro nas economias centrais, que p?em em perigo a estabilidade financeira. O espa?o fiscal é crucial para garantir os recursos necessários para que os governos possam investir simultaneamente em a??es de desenvolvimento e de combate às mudan?as climáticas, bem como no cumprimento dos ODS", afirmou Dilma Rousseff.
Na opini?o da presidente do NBD, o peso da dívida pública nos países em desenvolvimento representa um obstáculo ao investimento, "já que as dívidas crescem excessiva e rapidamente".
Segundo Dilma Rousseff, embora como grupo os países do Sul Global tenham ganho uma parcela maior do PIB mundial desde 2008, o protecionismo tecnológico, a falta de coopera??o e a inova??o global insuficiente representam dificuldades nos esfor?os destas na??es para desenvolver a industrializa??o, a reindustrializa??o ou moderniza??o industrial.
"O financiamento ao desenvolvimento, a transferência de tecnologia, a política industrial, que s?o extremamente relevantes para os nossos países alcan?arem o desenvolvimento sustentável, est?o cada vez mais marginalizados na agenda internacional do pensamento dominante", afirmou.
Rousseff enfatizou que, apesar dos frequentes apelos e promessas de apoio ao desenvolvimento sustentável, faltam a??es concretas para garantir efetivamente que os desafios urgentes sejam enfrentados, como as mudan?as climáticas, os mecanismos de resposta, adapta??o e mitiga??o, as pandemias, a pobreza e, acima de tudo, a imensa desigualdade. "Isso assola os nossos países e atinge mais duramente os países mais pobres."
Michelle Bachelet, por sua vez, destacou que os momentos de crise humanitária que atravessam alguns lugares do mundo, como Gaza, Ucrania ou Haiti, s?o desafios que devem ser enfrentados, assim como a transferência de popula??es dos seus países devido aos efeitos das mudan?as climáticas ou fome.