Por Zhu Yilin, Wu Hao e Wang Hui, correspondentes da Xinhua
Quando fala sobre os clássicos da cultura chinesa antiga, o sinólogo brasileiro Giorgio Sinedino refere-se aos clássicos da China antiga como se fossem velhos amigos.
"Espero ser o 'barqueiro' da cultura chinesa, para que esta navegue para o Brasil, para o mundo", disse ele, mostrando aos repórteres suas tradu??es já publicadas da literatura chinesa.
Desde 2005, Sinedino mora na China, e obteve um mestrado em filosofia chinesa pela Universidade de Beijing e um doutorado em filosofia pela Universidade Renmin da China. Com o aprofundamento de seus estudos, seu amor pela literatura tradicional chinesa tornou-se cada vez mais forte e, aos poucos, ele se tornou um pesquisador em Sinologia, aprendendo o idioma chinês e come?ando a traduzir clássicos chineses.
Relembrando seus quase 20 anos de pesquisa, ele disse que entender as conota??es ideológicas dos clássicos culturais chineses n?o é uma tarefa fácil. Ele precisa contar o significado literal, e a sociedade chinesa retratada nas obras s?o essenciais, com express?o em português.
Durante muito tempo, a maior parte da literatura chinesa foi traduzida do inglês, francês e outros idiomas para o português. Devido à falta de compreens?o exata do idioma chinês original pelos tradutores, é difícil expressar verdadeiramente o significado das palavras chinesas, o que torna a literatura chinesa no Brasil difícil de publicar.
Em 2012, Sinedino publicou sua primeira tradu??o da literatura chinesa antiga, "Os Analectos de Confúcio", em português. Para permitir que os leitores brasileiros entendessem a essência cultural dos Analectos, ele consultou os comentários sobre estes textos feitos por estudiosos confucionistas de diversos períodos, como Zhu Xi, filósofo da dinastia Song do Sul, em um esfor?o para permitir que os leitores brasileiros compreendessem em sua língua materna os Analectos, em diferentes épocas.
"Os Analectos de Confúcio" n?o é apenas a primeira tradu??o para o português diretamente do chinês antigo, é também a única tradu??o do livro com comentários na íntegra em uma língua ocidental. Hoje, o livro já vendeu mais de 200.000 exemplares em todo o mundo.
Desde ent?o, ele também publicou tradu??es como "Daodejing", "O Imortal do Sul da China: uma leitura cultural do Zhuangzi", para permitir que mais leitores brasileiros conhe?am o profundo patrim?nio da cultura chinesa.
No final deste ano, será publicada no Brasil a mais recente tradu??o de uma obra da literatura chinesa moderna, do autor Lu Xun. Com esse título, Sinedino espera apresentar a literatura chinesa moderna aos leitores brasileiros.
"O sentimento mais profundo que a China me proporciona é o de 'inova??o', assim como o espírito transmitido nas obras de Lu Xun." Sinedino disse: "O desenvolvimento da literatura chinesa mapeia o desenvolvimento da sociedade chinesa. No processo de tradu??o, preciso me concentrar em interpretar o contexto social chinês para os leitores brasileiros, o que também é uma maneira importante de os leitores brasileiros entenderem a China."
Este ano marca o 50o aniversário do estabelecimento de rela??es diplomáticas entre a China e o Brasil. Sinedino disse que nos últimos 50 anos, os intercambios culturais entre os dois países trouxeram resultados frutíferos nos campos acadêmico, artístico e educacional, e a amizade entre os dois povos foi fortalecida no processo.
"A China e o Brasil precisam entender melhor as diferen?as culturais um do outro, estabelecer uma estrutura comum para intercambios culturais e alcan?ar a verdadeira confian?a mútua entre as civiliza??es. Acredito que as culturas brasileira e chinesa podem atravessar montanhas e oceanos e alcan?ar ressonancia cultural", disse ele.