Na ocasi?o da abertura da COP29 nesta segunda-feira, é importante mencionar que, a China e o Brasil, como dois dos principais países em desenvolvimento do mundo, podem desempenhar um papel maior na coopera??o climática, visando impulsionar a implementa??o das metas do Acordo de Paris.
O Acordo de Paris, que entrou em vigor em 4 de novembro de 2016, visa manter o aumento da temperatura média global bem abaixo dos 2 °C acima dos níveis pré-industriais e buscar esfor?os para limitar o aumento da temperatura a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais.
No entanto, em uma avalia??o de emiss?es de 2023 divulgada recentemente pelo Programa para o Meio Ambiente da ONU, até 2030, as emiss?es globais de gás de estufa precisam ser reduzidas em pelo menos 28% em rela??o aos níveis atuais, para que a meta abaixo dos 2 °C do Acordo de Paris possa ser realizada, e em 42% para atingir o objetivo de 1,5 °C.
Citando as opini?es de Leo Horn-Phathanothai e Rogerio Studart, em um texto publicado na Dialogue Earth em setembro de 2024, uma parceria climática abrangente entre a China e o Brasil -- englobando investimento, comércio, coopera??o técnica e capacita??o, com foco em transi??es econ?micas verdes -- pode servir como um poderoso modelo para a coopera??o climática Sul-Sul. O que poderia, por sua vez, ajudar a destravar o financiamento climático e impulsionar as negocia??es internacionais sobre o clima, aumentando as chances globais de se atingir as metas do Acordo de Paris.
A China e o Brasil emitiram, em 14 de abril do ano passado, a Declara??o Conjunta entre a República Federativa do Brasil e a República Popular da China sobre o Aprofundamento da Parceria Estratégica Global. Mencionando no texto "Tendo em vista que os efeitos da mudan?a do clima já se fazem sentir de forma inequívoca, Brasil e China decidiram fortalecer sua coopera??o na área de prote??o ambiental, combate às mudan?as do clima e à perda da biodiversidade, promo??o do desenvolvimento sustentável e maneiras de agilizar a transi??o rumo a uma economia de baixo carbono. Nesse sentido, as duas partes decidiram estabelecer, no ambito da Comiss?o Sino-Brasileira de Alto Nível de Concerta??o e Coopera??o (COSBAN), uma Subcomiss?o de Meio Ambiente e Mudan?a do Clima. O Brasil e a China comprometeram-se a continuar dialogando e coordenando posi??es sobre temas das mudan?as climáticas e ambientais de forma bilateral em instancias específicas como o BASIC e o BRICS."
Este ano marca também o 50o aniversário do estabelecimento das rela??es diplomáticas sino-brasileiras. A subcomiss?o do meio ambiente e mudan?a climática da COSBAN realizou em abril deste ano em Beijing um plenário, onde as duas partes discutiram temas em torno do processo multilateral da mudan?a climática, a coopera??o ambiental e climática China-Brasil, etc.
Como importantes economias emergentes globais, a China e o Brasil podem explorar ainda mais a coopera??o climática num cenário global sob a estrutura de diversas institui??es, como o Novo Banco de Desenvolvimento, a Iniciativa Cintur?o e Rota, o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, entre outras.
"A China continua fortemente comprometida com suas metas climáticas", elogiou no mês passado Kristalina Georgieva, diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), à Conferência de Líderes Globais ESG (ambiental, social e de governan?a) 2024 por meio de um vídeo, observando que as políticas da China, incluindo o esquema de comércio de emiss?es, facilitaram o alcance dessas metas e, ao mesmo tempo, aumentaram as receitas.
Na abertura da 79a Assembleia Geral da ONU, o presidente brasileiro Lula destacou ser "hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarboniza??o do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis".
E com esse espírito que o Brasil sediará a COP30, em 2025, convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática, afirmou em outubro Marina Silva, ministra brasileira do Meio Ambiente e Mudan?a do Clima na reuni?o ministerial do GT de Sustentabilidade Ambiental e Climática do G20.